Capitão América: Marvel finalmente lançará minissérie White
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Nos anos 2000, a editora Marvel Comics editou uma série de minisséries retratando o passado de alguns de seus principais heróis e relacionados às cores: Homem-Aranha: Azul, Demolidor: Amarelo, Hulk: Cinza; todas produzidas pela dupla Jeph Loeb (texto) e Tim Sale(arte), os mesmos autores de outras obras consagradas, como Batman: O Longo Dia das Bruxas ou Superman: As Quatro Estações (ambas na concorrente DC Comics). Agora, após um atraso de vários anos, a Marvel finalmente lançará o último volume da série: Captain America: White ouCapitão América: Branco. Para celebrar, foram lançadas algumas imagens promocionais da revista.
Azul, Amarelo e Cinza mostravam os heróis em seus primeiros anos de atuação, carregados de reflexões e sentimentalismo. Especialmente as duas primeiras, são grandes clássicos modernos.
O Release de Captain America: White situa a história em 1941, exatamente o início da jornada do Capitão América na II Guerra Mundial nos quadrinhos. As imagens reveladas mostram a cena dodespertar do herói após ser resgatado pelos Vingadores – o que originalmente ocorreu em Avengers 04, de 1964, por Stan Lee e Jack Kirby – e uma conversa entre Steve Rogers e Nick Fury em uma igreja. Ambas deixam claro que, tal qual as outras citadas, será uma história retroativa, na qual no presente os personagens relembram os eventos passados.
A expectativa dos fãs é grande, já que a “série das cores” é bastante apreciada. O escritorJeph Loeb, contudo, também é famoso por alternar histórias fantásticas com outras coisasexecráveis. Além disso, hoje ele é mais conhecido como o Presidente da Marvel TV, responsável pelas séries Demolidor, Agents of SHIELD e Agent Carter.
O Capitão América foi criado por Jack Kirby e Joe Simon em 1941 e foi o maior sucesso dos anos iniciais da Marvel Comics. Após décadas sem ser publicado, foi resgatado para as histórias modernas em Avengers 04, de 1964, por Stan Lee e Jack Kirby, numa história dos Vingadores, grupo que passou a liderar a partir de então. Tratado a partir de então como um “homem fora de seu tempo”, o personagem ganhou ainda mais sucesso e profundidade.
Classificar isto:
Rate This
Na categoria Capitão América, Desenhistas, Escritores, Jack Kirby, Marvel Comics, Revistas, Stan Lee
Deixe o seu comentário
Vingadores: Revelada a identidade dos pais de Feiticeira Escarlate e Mercúrio nas HQs
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Os irmãos gêmeos Wanda e Pietro Maximoff, vulgos Feiticeira Escarlate e Mercúrio, estão sendo apresentados ao grande público em grande estilo por meio de Vingadores – Era de Ultron, a sequência de Os Vingadores, o épico do Marvel Studios que reuniu nos cinemas pela primeira vez a equipe de super-heróis da Marvel Comics formada por Capitão América, Thor, Homem de Ferro e Hulk. Enquanto isso, suas versões nos quadrinhos estão passando por uma grande mudança. Uma nova sequência de histórias dos Vingadores revelou quem são osverdadeiros pais da dupla de heróis.
A notícia a seguir temgrandes spoilers, portanto, se não quiser saber sobre tramas que irão demorar entre seis meses e um ano para serem publicadas no Brasil – por meio da editoraPanini Comics, que edita o material original na Marvel Comics no país – não leia o que vem a seguir!
Em primeiro lugar, é preciso entender o que está acontecendo, então, para aqueles não muito familiarizados com as HQs originais, aqui vai uma recapitulação. Alguns meses atrás, a Marvel revelou em suas histórias que, ao contrário do que sempre se pensou sobre eles (e eles de si mesmos), Feiticeira Escarlate e Mercúrio não são mutantes! Em consequência, ficou claro que os gêmeos tambémnão são filhos do vilão Magneto como sempre pensaram!

A Irmandade de Mutantes original na arte de Jack Kirby: Groxo, Magneto, Mestre Mental, Feiticeira Escarlate e Mercúrio.
E agora?
Antes de revelarmos é preciso duas coisas: 1) comentar porque a Marvel fez isso; 2) recapitular como a história era e como é agora!
A Marvel promoveu essa mudança por uma questão comercial: uma disputa de propriedade do direito de adaptação dos personagens ao cinema ou outras mídias. Feiticeira Escarlate e Mercúrio surgiram na revista dos X-Men, como membros da Irmandade de Mutantesliderada por Magneto. As histórias deixavam claro que os dois eram membros relutantes daquele grupo terrorista e tinham um senso de dívida com Magneto por ter-lhes salvado a vida. Por isso, pouco tempo depois, a dupla largou a Irmandade e, nas histórias dos Vingadores, procurou exílio nos EUA e foram aceitos no grupo de heróis. Desde então, são membros importantes dos Vingadores.
O fato de estarem ligados às duas franquias – X-Men e Vingadores – faz os gêmeos Maximoff poderem ser usados no cinema tanto pela20th Century Fox (que detém os direitos dos X-Men) quanto ao Marvel Studios (dono da franquia dos Vingadores). Por isso, uma versão adolescente de Mercúrio apareceu no filmeX-Men – Dias de Um Futuro Esquecido, enquanto outra versão (adulta) está emVingadores – Era de Ultron.
Mudar as origens da dupla nas HQs desvincula os personagens do universo mutante, embora isso, aparentemente, não tem nenhum efeito legal no uso que a Fox pode fazer dos personagens. Tanto que Mercúrio está contado para aparecer outra vez em X-Men – Apocalipse, que sai no ano que vem.
Vamos agora entender um pouco como é a biografiada dupla nas HQs originais.
Quando surgiram em X-Men 04, de 1964, criados porStan Lee e Jack Kirby, Wanda e Pietro Maximoff são apresentados como filhos de ciganos, tendo crescido no Leste Europeu em um acampamento itinerante. Magneto e sua Irmandade de Mutantes tinham base na Europa e atacam a (fictícia) República de São Marcos para criar um país só para mutantes, no que são impedidos pelos X-Men. Após outros confrontos com aqueles heróis (e também com Thor e os Vingadores), a Feiticeira Escarlate e Mercúrio tomam coragem de fugir da repressão de Magneto e, exilados, vão aos EUA e são aceitos nos Vingadores em Avengers 16, de 1965, também de autoria de Lee e Kirby.

Os novos Vingadores são apresentados: Capitão América, Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Gavião Arqueiro.
Aquele era o momento em que os Vingadores promoviam uma grande mudança: os membros originais –Homem de Ferro, Thor, Vespa e Gigante (ex-Homem-Formiga) – saem da equipe e deixam oCapitão Américapara liderar um time de jovens ex-criminosos, com Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate e Mercúrio. Os gêmeos Maximoff passaram praticamente todo o restante da década de 1960 como membros da equipe e, mesmo após a saída de Mercúrio – que não aceitou o namoro da irmã com o sintozoide Visão – a Feiticeira permaneceu como uma dos membros mais constantes e poderosos da equipe.
Mais tarde, uma história revelou que, na verdade, os Maximoff tinham sidoadotados por ciganos, mas estes não eram seus pais verdadeiros. Giant-Size Avengers 01, publicada no verão de 1974, teve roteiro de Roy Thomase desenhos de Rich Buckler e trouxe como grande destaque a revelação de que a dupla de heróis Ciclone(Whizzer) e Miss America – que na cronologia da Marvel atuaram na II Guerra Mundial ao lado do Capitão América e do grupo de heróis chamados Invasores – eram os paisdos gêmeos Feiticeira Escarlate e Mercúrio.
Num malabarismo de roteiro, o escritor Roy Thomas determinou que a dupla de heróis estava no (fictício) país do Leste Europeu chamadoTrânsia e, quando começou o trabalho de parto, conseguiram abrigo na Montanha de Wundagore, que era na verdade, uma instalação científica do vilão chamado Alto Evolucionário, que tinha aparecido nas histórias do Thor. O Alto Evolucionário faziaexperimentos com o DNA humano para tentar acelerar a evolução da humanidade.
Em Wundagore, a Miss America morreu no parto de gêmeos e o Ciclone, desesperado, fugiu enlouquecido, deixando as crianças para trás. A história mostra, então, que o vilão entregou os bebês à família cigana Maximoff.
A questão parecia resolvida, e o idoso Ciclone até virou um personagem coadjuvante das aventuras dos Vingadors ao longo do restante dos anos 1970.
Mas alguns escritores da Marvel tinham planos mais audaciosos para os gêmeros Maximoff. Em 1979, o arco de histórias Noites de Wundagore, escrita por David Michelinie e desenhada por John Byrne, terminou por mudar tudo: na verdade, Ciclone e Miss América chegaram em Wundagore para terem seus filhos, mas as crianças teriam nascido mortas! Como maneira de consolar Ciclone pela morte também da esposa, pegaram um casal de gêmeos recém-nascidos que estavam por lá e os apresentaram a Ciclone como se fossem seus filhos, mas o ex-herói simplesmente saiu correndo desesperado pela morte da mulher.
E de onde vinham essas outras crianças? Uma misteriosa mulher chamadaMagda tinha aparecido dias antes em Wundagore, entrado em trabalho de parto e, em seguida, simplesmente desaparecido.
A história não esclarecequem é Magda, mas os leitores atentos do Universo Marvel puderam perceber que também se chamava Magda a primeira esposa do vilão Magneto, que o deixou após este revelar seus poderes pela primeira vez (eventos mostrado nas revistas dos X-Men). Estava matada a charada? Wanda e Pietro Maximoff eram filhos de Magneto?
Por mais que os fãs achassem que sim, a resposta definitiva só veio quatro anos depois, numa minissérie focada na Feiticeira Escarlate e seu marido, o Visão, terminou por confirmar as suspeitas. A minissérie The Vision & The Scarlet Witch, em quatro capítulos escritos por Bill Mantlo e desenhados por Rick Leonardi, entre o fim de 1982 e o início de 1983, mostra no último capítulo que Wanda e seu irmão Pietro descobrem que o vilão Magneto é seu verdadeiro pai. Magneto aparece para os filhos (por causa do nascimento de Luna,a filha de Mercúrio com a inumana Crystalis) e revela a verdade, citando o mistério acerca de Magda, a mãe deles conforme descobriram algum tempo antes, que era a primeira esposa do vilão.
Desde então, ficou estabelecido que Feiticeira Escarlate e Mercúrio eram filhos de Magneto, o mesmo vilão que os havia arregimentado para sua Irmandade dos Mutantes, grupo ao qual aparecem em X-Men 04.
Bem, agora não mais.
A minissérie Avengers & X-Men: Axis, publicada em2014, trouxe a chocante informação de que, ao contrário do que se pensava Feiticeira Escarlate e Mercúrio não são filhos de Magneto. Desde então, voltou omistério sobre a paternidade da dupla. O mistério acabou emUncanny Avengers 04, publicada pela Marvel Comics esta semana.
A história mostra que os pais de Wanda e Pietro são simplesmente os ciganos Django e Marya Maximoff,os mesmos que os criaram. Ao serem capturados pelo Alto Evolucionário, o vilão conta sua versão da história: ele própriosequestrou os gêmeos de seus pais e fez experimentos com o DNAdeles (de modo que não são mutantes, ou seja, não nasceram com seus poderes), mas ao não obter os resultados esperados, simplesmente devolveu as crianças aos seus pais.
Ou seja, voltaram ao início da coisa toda.
Com tantas reviravoltas em sua biografia sobre a paternidade, começa a ficar difícil ficar surpreso ou mesmo impressionado com o resultado. E menos ainda a ter crença de que essa “verdade” vai se manter no tempo que virá.
Vejamos…
Os Vingadores surgiram em 1963, criados por Stan Lee e Jack Kirby, publicados em The Avengers 01, reunindo personagens já criados previamente. Mais importante supergrupo da Marvel Comics, fazer parte da equipe significa ter um status diferenciado de importância no Universo da editora.
Feiticeira Escarlate e Mercúrio foram criados por Stan Lee e Jack Kirby e surgiram em X-Men 04, de 1964. Cerca de um ano depois, foram introduzidos nas histórias dos Vingadores, emAvengers 15, passando a ser membros da equipe desde então. São dois dos vingadores mais tradicionais em todos os tempos.
Classificar isto:
1 Vote
Na categoria Desenhistas, Dossiês de Personagens, Escritores, Jack Kirby, Marvel Comics, Revistas, Stan Lee, Vingadores
Etiquetas: Mercúrio
Demolidor: A trajetória do homem sem medo nos quadrinhos
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Fazendo sucesso em sua própriasérie de TV e com 50 anos de histórias publicadas, ainda assim, oDemolidor está longe de ser o personagem mais famoso da editoraMarvel Comics. Ainda assim, o personagem Matt Murdock já rendeu algumas das melhores histórias em quadrinhos já publicadas em todos os tempos. Com a ambientação sombria e suspense tenso, a vida de Murdock já foi virada de cabeça para baixo diversas vezes, fazendo do homem sem medo um dos caras que mais apanhou da vida nas HQs, o que rende grande diversão e prazer ao leitor.
Apesar da qualidade de suas histórias, o Demolidor ainda é majoritariamente pouco lido por aqueles que não são fãs de quadrinhos. Portanto, se quer saber mais sobre a trajetória do demônio atrevido da Marvel, siga em frente e conheça a trajetória editorial do personagem.
O sucesso demora, mas quando vem…
Muitas vezes, personagens fictícios estreiam com sucesso ou o alcançam em pouco tempo, fazendo com que suas aventuras mais antigas sejam mais clássicas. Este, definitivamente, não é o caso do Demolidor. O personagem surgiu na aurora da Marvel, em 1964, masdemorou mais de uma década e meia para encontrar sua real identidade. Foi somente quando o escritor e desenhista Frank Millerassumiu a revista do homem sem medo em1981 que Matt Murdock encontrou sua vocação maior como personagem. A partir daí, se tornou um personagem denso, sombrio e protagonista de histórias sensacionais.
Por isso, muitas das clássicas aventuras do personagem advêm dos anos 1980 e 90. Mas tal classificação nem é justa, já que o Demolidor teve histórias simplesmente excepcionais nos anos 2000 e continua hoje em uma ótima fase nas mãos do escritor Mark Waid.
Vamos entender essa história toda.
Em meio à festa…
O Demolidor estreou em umarevista própria em 1964, numa história assinada por Stan Lee e Bill Everett. O personagem, assim, nasceu em meio ao boom inicial da Marvel Comics, na construção de seu universo ficcional. Embora tecnicamente existisse desde 1939 – sob os nomes Timely Comics primeiro e depois Atlas Comics – a Marvel só se “encontrou” de verdade com o lançamento doQuarteto Fantástico em 1961. A partir daí, o escritor Stan Lee começou a construir – juntamente aos desenhistas Jack Kirby, Don Heck, Steve Ditko e outros – um universo de novos personagens bastante diferentes da concorrente DC Comics (que publicava Superman, Batman, Mulher-Maravilha etc.).
Entre 1961 e 1963, Lee e seus colaboradores criaram uma impressionante quantidade de bons personagens, como Homem-Aranha, Thor, Hulk, Dr. Estranho, Homem de Ferro, os Vingadores e os X-Men. Levando isso em consideração, o Demolidor chega até tarde, em 1964. Mas o fluxo ainda continuaria: os Inumanos, Pantera Negra, Surfista Prateado, ainda chegariam nos anos seguintes.
O posicionamento cronológico do Demolidor ainda levanta uma questão curiosa: na época, a Marvel ainda se reerguia de uma grave crise vivenciada na década anterior. Assim, não possuía mais uma distribuidora de revistas, de modo que este serviço era realizado, de modo irônico, pela DC Comics. Por isso, a DC impunha um limite de oito revistas mensais de super-heróis à Marvel. Stan Lee – que também era o Editor-Chefe da Marvel, além de seu principal escritor – criou uma estratégia para burlar a regra mantendo 16 revistas bimestrais nas bancas, mas ainda assim, era um número bem limitado.
Por isso, é curioso que o Demolidor tenha estreado em uma revista própria. Veja: o Homem-Aranha surgiu numa aventura na revista Amazing Fantasy 15, em 1962, revista que foi cancelada para dar lugar a outra. Quando a Marvel percebeu que aquela aventura era um sucesso imenso de vendas decidiu dar uma revista própria para o personagem. Mas para isso, precisava sacrificar outra revista e manter o limite imposto pela DC. Assim, sobrou para oHulk, cuja The Incredible Hulk não vinha vendendo tão bem. O gigante verde ficou sem ser publicado por um tempo e, depois, terminou alocado como uma das histórias publicadas emTales to Astonish, enquanto estreava a nova The Amazing Spider-Man no lugar daquela.
Então, porque um personagem novo como o Demolidor estreava em uma revista própria em um cenário desses? É uma questão sem resposta. Porque não dar uma revista própria para oHomem de Ferro (que era publicado em Tales of Suspense) ou devolver um número ao Hulk? Talvez, fosse uma aposta de Stan Lee nesse novo e incomum personagem. Mas quem sabe?
Origem Duvidosa
A criação do Demolidor ainda é permeada poruma série de curiosidades ou mistérios. A começar pelo visual do personagem. Até hoje não está claro quem criou a primeira versão do personagem, em seuuniforme amarelo.Apesar de Bill Everettganhar o crédito de cocriador – porque desenha Daredevil 01 – muitas fontes afirmam que quem criou o visual foi Jack Kirby. É fato que Kirby desenhou a capa deDaredevil 01, pois era o principal capista da editora. E muitas vezes, as capas eram feitas antes mesmo das histórias e serviam de base para o desenhista do interior do número.
Além disso, muitas fontes também dizem que Bill Everett sequer chegou a terminar os desenhos de Daredevil 01 e que Steve Ditko (que desenhava as histórias do Homem-Aranha, Dr. Estranho e do Homem de Ferro) foi quem finalizou a revista, dando um trato no visual na história inteira.
Então, porque Bill Everettganhou os créditos? Segundo muitos, foi uma puracortesia de Stan Lee. É fato que Everett foi um desenhista célebre no passado – ele criou Namor, o Príncipe Submarino, em 1939, que foi um dos maiores sucessos dos anos iniciais da Marvel – e, nos anos 1960, sofria de alcoolismo. Talvez, o crédito fosse uma maneira de dar algum orgulho e incentivo a Everett, um tipo de atitude típica de Lee.
Também é fato que, em 1964, Everett trabalhava na Eton Paper Corporation, em Massachussets, em umemprego de período integral, por isso, não tinha como manter uma revista mensal. De qualquer modo, Everett voltou a colaborar com a Marvel dois anos depois, desenhando de modo ocasional aventuras dos Vingadores, X-Men, Dr. Estranho e Hulk. Em 1968, ele voltou à ativa de modo mais contínuo retornando a sua maior criação: Namor, quando este ganhou uma revista própria com roteiros do próprio Lee e outros ajudantes. Por fim, Everett terminaria sereestabelecendo na carreira, assumindo a revista Namor, the submariner, entre os números 50 e 61, a partir de 1972, fazendo desenhos e roteiros, embora tenha falecido de forma precoce em 1973.
Um herói incomum
Stan Lee gostava de criarpersonagens singulares. E o Demolidor não seria diferente. O escritor imprimia personalidades fortes em seus personagens e os dotava de limites e fraquezas, além de lhes dar profissões e vidas pessoais bem definidas, de forma totalmente diferente dos heróis da concorrente DC Comics. O Homem de Ferro era um empresário mulherengo e com falhas de caráter; oHomem-Aranha era um adolescente problemático, sem dinheiro, nerd, sem sorte com as garotas e que tinha que cuidar de uma tia idosa e doente, conciliando os estudos com um trabalho de fotógrafo free-lancer; Thor passava seu tempo na Terra como um médico manco de uma das pernas; o Tocha Humana era um adolescente egocêntrico, rico e deslumbrado etc.
Assim, o Demolidor era Matt Murdock, um advogado que ficou cego em um acidente quando adolescente, ao salvar um velhinho de ser atropelado por um caminhão desgovernado, terminou sendo atingido pela carga radioativa do veículo e ficou cego. Em compensação, a radiação fez seus outros sentidos se ampliarem a níveis sobre-humanos. Podia saber se as pessoas estavam mentindo ou não porque ouvia as batidas do coração das pessoas (e também identificá-las pelas batidas); podia determinar a cor de um objeto sentido a emissão de calor das tintas ao tocá-los com as mãos. E o melhor: era dotado de um tipo de radar sônico que lhe dava a localização dos objetos ao seu redor e o permitia ser extremamente ágil.
Mesmo com todos esses poderes sensoriais, o Demolidor não tinha nenhuma capacidade sobre-humana em termos físicos. Ou seja, era um homem comum extremamente bem treinado e que usava seus sentidos como vantagem adicional. Mas ainda assim tinha a limitação de ser cego e não poder ver o mundo e as pessoas.
O fato de Murdock ser um advogado e trabalhar numa firma em parceria com o sócioFranklin “Foggy” Nelson e isso servir à história também era interessante. E como não podia faltar drama, existia a secretária Karen Page, disputada pelos dois sócios. Mas Matt sentia que ela merecia mais do que um cego e tentava empurrá-la para os braços do amigo.
Filho de Lutador
Mesmo com esses elementos interessantes enquanto personagem, a origem do Demolidor apresentada em Daredevil 01 era bem banal: Murdock se torna um vigilante uniformizado depois que seu pai, um velho boxeador, é assassinado. O motivo do crime é que Jack “Batalhador” Murdock se negou a entregar a luta por propina relacionada às apostas. Vestido como o Demolidor, Murdock encurrala os criminosos, mas o mandante do crime sofre um ataque cardíaco e morre antes de ir à Justiça.
Início Difícil
Diferente do Homem-Aranha, que emplacou de cara uma série de histórias clássicas, o Demolidor não teve tanta “sorte” no início. Na verdade, parecia que Stan Lee não tinha muito tempo para escrevê-lo (estava ocupado fazendo o Homem-Aranha, Thor, Homem de Ferro, Hulk, Vingadores, X-Men, Quarteto Fantástico, Dr. Estranho, Nick Fury etc.) e não conseguiu desenvolver bem um universo próprio para o personagem. Assim, muito da ambientaçãodo Demolidor nos primeiros anos devia ao escalador de paredes: o homem sem medo muitas vezes lutava contra os vilões surgidos nas aventuras do cabeça de teia. E o fato de Murdock andar por aí se balançando entre prédios – usando uma corda e arpel fixados em seus bastões (que viravam a bengala de Murdock para disfarçar) – também não ajudava. A personalidade de Murdock como alguém sério, carrancudo e tímido que terminava se sacrificando o tempo inteiro pelos outros, mas sofria internamente por isso, também ecoava diretamente à personalidade de Peter Parker.
A falta de direcionamentotambém se refletia na dificuldade da revista Daredevilter uma equipe fixa de colaboradores. Apesar de Lee manter os créditos de escrita, vários desenhistas se alternaram na revista em seus primeiros anos. Se por um lado, isso permitiu ao personagem passar pela mão de vários grandes nomes, por outro, não criou uma marca consolidada como os outros heróis da editora. Stan Lee e Jack Kirby produziriam 102 edições do Quarteto Fantástico; Lee e Steve Ditko assinaram as primeiras 39 edições de Amazing Spider-Man;assim por diante.
Nada mais diferente do que Daredevil: literalmente dezenas de escritores e desenhistas trabalharam na revista entre 1984 e 1979. Como já dito, a dupla Stan Lee e Bill Everettproduziu apenas Daredevil 01. Na edição 02, os desenhos foram assumidos por Joe Orlandoe, como para reforçar seus laços como o Homem-Aranha, este número o Demolidor enfrenta um dos vilões daquele: Electro. O primeiro vilão próprio do homem sem medo surgiu nonúmero 03, o Coruja. A edição 04 traz a estreia de Killgrave, o Homem-Púrpura, um vilão que teria importância para outros personagens da Marvel, como Jessica Jones no futuro distante.
Quando parecia que a revista Daredevil tinha ganho um desenhista fixo, Orlando já é substituído a partir do número 05, quandoWally Wood chega à revista. Wood era um dos mais célebres artistas advindos da E.C. Comics, editora que se notabilizou pelas revistas violentas e de terror nos anos 1950.
De cara, Wood já cria uma pequenamodificação visual no personagem, trocando o simples D do peito por um duplo D, que viraria, a partir dali, a marca visual do herói.
Além disso, Wally Wood parecia mesmo insatisfeito com o visual do Demolidor – que convenhamos era ruim mesmo – e, por isso, propôs um novo visual, aceito por Stan Lee e que estreou em Daredevil 07, de 1965:um uniforme inteiramente vermelho-escuro, que dava um visual mais sombrio e moderno. Este uniforme se tornou o padrão do herói a partir dali.
Uma curiosidade da edição 07 é que Namorera a mais famosa criação de Bill Everett.
Além das mudanças visuais, a pequena temporada de Lee e Wood produziu alguns vilões importantes ao cânone do personagem, como o Sr. Medo(edição 06), o Stiltman (edição 08) e os Homens-Animais (edição 10).
Daredevil 11 fechou um pequeno arco iniciado na edição anterior, na qual Foggy Nelson é eleito Promotor Público de Nova York, o que faz Matt Murdock desistir de seu amor por Karen Page e deixá-la livre para se envolver com seu sócio. A revista, contudo, já teve esta edição desenhada por outro artista: Bob Powell. Este na verdade foi só um tapa buraco até Stan Lee encontrar um substituto, que veio na figura do lendário John Romita.
Pequena Estabilidade
John Romita é um dos nomes mais importantes da história da Marvel! Famoso por sua temporada noHomem-Aranha (entre 1966 e 1973), o artista também colaborou com outras revistas, como Capitão América, Hulk e Vingadores, e se tornou o Diretor de Arte da Marvel em 1972, a partir do qual assumiu a responsabilidade de dar um caráter próprio ao visual da editora. Por isso, ao longo dos anos 1970 seria o principal capista da Marvel (ao lado de Gil Kane e John Buscema) e criaria o visual de dezenas de personagens, inclusive do Justiceiro e de Wolverine.
Mas toda a sua história com a Marvel começa ali no ano de 1965 e seu envolvimento com o Demolidor.
Na verdade, Romita já tinha trabalhado na Marvel no início dos anos 1950 e tinha feito uma parceria com Stan Lee entre 1953 e 1954 numa tentativa frustrada de trazer o Capitão América de volta às bancas (depois do personagem ter sido cancelado quatro anos antes). Com a crise do mercado de quadrinhos de super-heróis dos anos 1960, Romita terminou na DC Comics desenhando histórias de romance, por onde ficou por 10 anos!
Frustrado e cansado daquilo, Romita decidiu se aposentar dos quadrinhos (aos 35 anos!). [É incrível que a DC não tenha aproveitado o imenso talento dele para usar em sua linha de super-heróis!] Ao saber disso, Stan Lee convidou Romita para trabalhar na Marvel, mas o desenhista só aceitou na condição de fazer apenas arte-final (ou seja, cobrir com nanquim os desenhos do artista principal) e não mais desenhar. Lee aceitou e colocou Romita para fazer a arte final de algumas edições da revista dos Vingadores. Mas claro que Lee queria Romita desenhando e o testou no Demolidor: mostrou a arte de um desenhista para a revista e pediu conselhos de Romita. No fim das contas, Romita terminouassumindo a revista Daredevil a partir da edição 12, de 1965.
Com Romita ainda inseguro de retomar o trabalho com os super-heróis, Daredevil 12 e 13 tiveram os layoutscriados por Jack Kirby(ou seja, ele definiu angulações e posicionamento dos quadros), enquanto Romita fez as ilustrações em cima deles. O arco de histórias mostrado emDaredevil 12 a 14explorava as origens do personagem Ka-Zar, um tipo de versão do Tarzan da Marvel, que tinha aparecido em X-Men 10.
Outro encontro especial ocorreu em Daredevil 16, de 1966, na qual o Demolidor encontra oHomem-Aranha. Na verdade, era a segunda vez que os personagens se encontravam, pois a primeira tinha sido em Amazing Spider-Man 14, de 1964.
Outro vilão importante da galeria do Demolidor surgiu na edição 18: o Gladiador. Além de Lee e Romita, esta edição também foi cooescrita por Dennis O’Neil, um jovem escritor que estava iniciando a carreira e, logo mais, se tornaria um dos mais importantes da concorrente DC Comics (escrevendo Batman, Superman e Liga da Justiça). Bem mais tarde, O’Neil também teria um envolvimento mais profundo com homem sem medo.
Romita encerra sua passagem na revista naedição 19, de 1966, pulando para Amazing Spider-Man do Homem-Aranha, onde faria sua fama. Vendo em retrospecto, fica parecendo que Stan Lee planejou tudo e usou a revistaDaredevil como um “treino” para Romita assumir o aracnídeo (até o fez aparecer na revista!), o que não é impossível, tendo em vista as grandes discordâncias que o escritor vinha tendo com o artista Steve Ditko que fazia o cabeça de teia. Ditko foi substituído por Romita em Amazing Spider-Man 39.
Romita continuaria envolvido com o Demolidor fazendo muitas capas para suas revistas nos anos seguintes. E, como o leitor irá perceber em breve, o filho dele, John Romita Jr., também seria um importantíssimo ilustrador do homem sem medo.
A chegada de Gene Colan
Após 19 edições ilustradas por seis artistasdiferentes, a revista Daredevil finalmente encontrou um desenhista fixo: o número 20,de 1966, traz a estreia de Gene Colan,que se tornaria um dos mais importantes ilustradores do personagem, responsável pela arte deDaredevil até a edição 100, de 1973 (com a mera exceção de três números). Colan é um dos grandes artistas da história da Marvel – leia um post sobre ele aqui – e o Demolidor foi seu personagem “de assinatura”.
Assim como Romita, Colan tinha um grande talento para criar figuras em ação e desenvolveu isso à maestria no Demolidor, explorando diversos ângulos inusitados em seus quadrinhos e dando ainda mais agilidade ao homem sem medo. Menos musculoso do que as versões de Romita e Kirby, o Demolidor de Colan é magro e esguio, ágil como um atleta olímpico.
A fase com roteiros de Stan Lee e arte de Gene Colan é bastante querida pelos fãs de quadrinhos, porque permitiu umsenso de continuidade e aprofundamento do universo próprio do Demolidor, lançando mão de ideias que, por mais que fossem estranhas, marcaram época.
Uma dessas ideias estranhas foi a criação do“irmão gêmeo”do Demolidor:Mike Murdock.Na trama exibida em Daredevil 25, de 1967,surgem evidências fortes de que Matt Murdock é o homem sem medo e, para impedir que Karen e Foggydescubram seu segredo, o herói cria a identidade de Mike Murdock, fingindo ser o irmão gêmeo dele mesmo. A intensão era fazê-los acreditar que Mike era o Demolidor, enquanto Matt não podia sê-lo, afinal, era cego!
Murdock ainda imprimiu uma personalidade própria para Mike, que era convencido, arrogante, expansivo, sempre de óculos escuros (afinal, não podia deixar que vissem seus olhos sem visão), numa postura bastante diferente do tímido e retraído Matt. O truque deu certo e Mike virou um personagem constante por algum tempo. Inclusive, logo, Lee e Colan começaram a explorar um problema de dupla (ou tripla?) identidade no homem sem medo, com Matt se questionando quem ele era de verdade: Matt ou Mike?, como ocorre em Daredevil 29.
De qualquer modo, o embuste se mostroumuito confuso para os leitores, por isso, no arco mostrado em Daredevil 40 e 41, de1968, Matt finge a morte de Mike Murdock e dá a entender que ele havia treinado um outro Demolidor para substituí-lo. O arranjo “Matt-Mike”, contudo, não seria esquecidopelos leitores, nem pelos escritores, voltando à tona diversas vezes para explorar a complicada personalidade do herói.
Embora o Demolidor não fosse uma das principais ocupações de Stan Lee, isso não o impedia de se orgulhar ou divertir fazendo a revista. Em mais de uma entrevista, o escritor já afirmou que a história da qual mais sente orgulho de ter escrito foi aquela publicada em Daredevil 47, de 1969, na qual Matt Murdock defende um cego veterano de guerra que é falsamente acusado de um crime.
A Saída de Stan Lee
O criador Stan Lee se despede da revistaDaredevil na edição 50, de 1969, abrindo espaço para Roy Thomas o substituí-lo. Na época, a Marvel Comics crescia a passos largos e começava a disputar em igualdade o mercado de quadrinhos com a gigante DC Comics. Assim, as capacidades de Lee comoEditor-Chefe (cargo que ocupava ininterruptamente desde 1946) eram cada vez mais exigidas. Além disso, com as altas vendas, as antigas revistas bimestrais se tornaram mensais a partir de 1965 e, com o dinheiro entrando, a Marvel comprou sua própria distribuidora e ampliou seu leque de revistas em 1968, dando mais trabalho ao The Man para coordenar tudo. Assim, Leeabandonou a escrita de várias revistas, comoDaredevil, Hulk, Iron-Man, Avengers etc. e permanecendo apenas com seus títulos preferidos: Fantastic Four, Amazing Spider-Man, The Mighty Thor e Captain America.
O seu principal substituto foi Roy Thomas, um jovem de 29 anos, em 1969, que ele vinha treinando há quatro anos sob sua batuta. Thomas assumiu primeiro títulos secundários da Marvel, como os X-Men, em 1965, mas logo pôs as mãos nos Vingadores, em 1967, e não parou mais, tornando-se o escritor principal da Marvel no fim dos anos 1960.
Curiosamente, a chegada de Thomas à revista coincidiu com um breve período de três ediçõesnas quais Gene Colan foi substituído pelo artista britânico Barry Windsor-Smith, um grande artista advindo da “escola” de Jack Kirby. Isso porque, na época, Colan estava ocupado fazendo outros trabalhos para a Marvel, como algumas aventuras dos Vingadores e do Capitão Marvel. Mas logo o artista conseguiu endireitar a agenda e retornou a Daredevil, sua casa principal.
Roy Thomas e Gerry Conway
Roy Thomas ficou por pouco tempo na revista, afinal, tinha várias outras para escrever. Assim, só manteve o ritmo das tramas já criadas por Lee. Amaior contribuição de Thomas para o personagem foi encerrar o irritante “triângulo” entre Matt Murdock, Karen Page e Foggy Nelson.Definitivamente, Thomas aproxima Matt e Karen, o que leva o herói a revelar sua identidade secretapara ela na bombástica Daredevil 57, de 1969. Porém, a revelação é demais para a cabeça da moça e Karen decide ir embora e deixar aquela vida para trás.
Este elemento cronológico terá muita importânciano futuro do personagem.
Karen vai para a Califórnia e inicia uma carreira como atriz, mas logo, termina voltando à vida do Demolidor, embora nas edições seguintes, ela fica bastante hesitante em relação a Matt e começa, lentamente, a ser afastada da revista. Outro ponto de Thomas foi deixar mais clara a posição de Murdock como advogado: já que Foggy Nelson era o Promotor Público de Nova York, Murdock assume o cargo de Assessor Especial da Promotoria Pública.
No mais, Thomas passou a revista para as mãos do jovem Gerry Conway, de apenas 19 anos, a partir de Daredevil 72, de 1971. Conway era um garoto genial na qual Stan Lee e Thomas viram tanto potencial que decidiram investir pesado nele para assumir a principal revista da Marvel: o Homem-Aranha.Mas antes disso, o jovem foi posto na condição de “teste” em outras revistas, como Captain America e Daredevil.
A entrada de Conway no título já coincidiu com um crossover entre o Demolidor e o Homem de Ferro, numa trama de espionagem envolvendo Nick Fury, a SHIELD, o Zodíaco e a Madame Máscara, que transcorreu em Daredevil 72 a 74 e em The Invencible Iron-Man 34 a 36. Esse período também coincidiu com um momento em que Gene Colandeixou de fazer as capas da revista, por causa de seus outros afazeres na editora, e a artista Marie Severinassume a função. Mas Colan permanecia fazendo a arte das histórias normalmente.
Como o plano era projetar Conway para assumirAmazing Spider-Man, nada mais justo do que repetir a estratégia que Stan Lee usou com John Romita: fazendo o Homem-Aranha fazer uma participação especial emDaredevil 77, que contou também com a participação especial do Namor.Foi uma oportunidade para Conway “brincar” um pouco com o universo de Peter Parker, envolvendo até Mary Jane Watson e Gwen Stacy.
A sequência de histórias de Conway mostra Foggy Nelson despontando como um naturalcandidato ao Governo do Estado de Nova York ao mesmo tempo em que passa a ser chantageado pelo vilanesco Sr. Klein.
Outro ponto importante é emDaredevil 81, quando a Viúva Negra é introduzida à revista. Hoje mundialmente famosa pela interpretação de Scarlett Johanssonnos filmes dos Vingadores, a personagem havia sido criada por Stan Lee, Don Rico e Don Heck em Tales of Suspense 52, de 1964, numa aventura do Homem de Ferro. Inicialmente, uma vilã à serviço da União Sovética, ela termina se arrependendo de seus crimes e deserdando, tornando-se namorada do vingador Gavião Arqueiro e virando membro não-oficial dos Vingadores por um tempo.
Em 1970, a Viúva Negra ganhou umvisual totalmente repaginado criado por John Romita e estreando na revista Amazing Spider-Man 86. Era uma maneira de reintroduzi-la ao grande público para que ela tivesse suas aventuras próprias publicadas na revista Amazing Adventures durante um tempo. Esta aparição emDaredevil se daria logo após o fim de suas aventuras solo.
O motivo da inclusão da Viúva Negra eradar uma renovada no título. Desde a saída de Stan Lee da revista,Daredevilvendia cada vez menos. Por um tempo, Stan Lee cogitou voltar à velha tática de unir heróis que vendiam pouco em uma mesma revista e foi por isso que ocorreu aquele crossover entre o Homem de Ferro e o Demolidor. Era um teste para ver como os dois heróis funcionavam na mesma revista, já que se planejava uni-los no mesmo título (com histórias separadas). A mudança chegou mesmo a ser anunciada nas revistas, mas nunca ocorreu. A introdução da Viúva Negra aumentou mesmo o interesse do público e Daredevil voltou a crescer nas vendas.
Na trama de Conway e Colan, enquanto luta contra o Coruja, o Demolidor despenca de um helicóptero nos céus de Nova York e cai no rio Hudson. Desacordado pelo impacto, ele é salvopela Viúva Negra, que presenciou sua queda e se une a ele na luta contra o vilão. Um detalhe para aqueles que gostam: nesta ocasião, o homem sem medo perde seus bastões originais, que usava desde o começo de sua carreira como combatente ao crime. A arma termina perdida no fundo da baía de Hudson e, na edição 82, o herói constrói um novo dispositivo para ele.
Além disso,Daredevil 81marca o momento em que o artistaGil Kaneassume as capas do Demolidor, função que exercerá na maior parte dos anos 1970. Como já escrito, naquele tempo, na Marvel, apenas um pequeno punhado de ilustradores faziam as capas das revistas, como Kane, John Romita, John Bsucema e alguns outros.
Com a introdução da Viúva Negra no título, cada vez mais há uma aproximação entre ela e o Demolidor, de modo que Karen Page é deixada cada vez mais de lado. Daredevil 85 marca um ponto de virada, quando a Viúva Negra é acusada de assassinato e Matt Murdock parte para defendê-la. Isso cria uma grande tensão entre ele e Foggy Nelson – o encarregado de acusá-la, como Promotor Público – de modo que Murdock abdica de seu cargo de Assessor Especial da PP para defendê-la.
No número seguinte, Natasha Romanov é inocentada, mas o estrago está feito. Foggy Nelsonpede demissão do cargo de PP por causa da chantagem que recebeu. Matt e Karen anunciam oseu noivado (para tristeza de Natasha), mas antes do fim da edição eles já rompem. Assim, enquanto Karen se muda definitivamente para a Califórnia, Matt decide ir embora de Nova York e se instalar em San Francisco (também na Califórnia), levando a Viúva Negra com ele.
A Fase em San Francisco
Foi de Gerry Conway a ideia de mudar o Demolidor para San Francisco, depois de passar férias na cidade. A mudança tinha bons efeitos de vários tipos: aproximava (um pouquinho) os heróis da Marvel daCosta Oeste (já que todos eles estavam baseados em Nova York) e também servia para descentralizar o papel de NY nas revistas. Além disso, San Francico era o lar-maior do movimento hippie e dacontracultura dos EUA (sexo, drogas e rock and roll) e jovens como Conway e Roy Thomas (que na prática servia como editor da revista) eram bastante afeitos à ideia.
A chegada de Matt Murdock e Natasha Romanov (juntamente a Ivan Petrovitch, o “guardião” dela) em San Francisco abriu o leque para uma série de situações inusitadas na vida do Demolidor e, também, à introdução de uma série de personagens coadjuvantes novos, como o Comissário de Polícia O’Harra e Danny French.
No campo das ameaças, contudo, a mudança de costa não resultou em novos vilões: nos primeiros números pós-Daredevil 87, Conway e Colan fazem o homem sem medo enfrentar os mesmos inimigos de sempre: Electro, Killgrave, o Homem-Púrpura e o Sr. Medo.
Uma mudança que realmente ocorreu foi no título da revista, que se tornou oficialmenteDaredevil & Black Widow a partir do número 92, de 1972.
Nesta altura, Gerry Conway já estava efetivamente escrevendoAmazing Spider-Man (com desenhos de John Romita) e, logo, também assumiria o Quarteto Fantástico, se tornando um dosprincipais escritores da Marvel. Assim, seu tempo numa revista secundária como Daredevil estava acabando. Não custa lembrar, foi Conway quem criou a clássica história A Noite em Que Gwen Stacy Morreu, a melhor de todas do Homem-Aranha, que cumpre a promessa de eliminar a namorada do herói.
Além disso, o editor de Daredevil,Roy Thomas assumiu o cargo deEditor-Chefe no mesmo período, enquanto Stan Lee era promovido a Publisher da Marvel. John Romitafoi oficializado como Diretor de Arte. A partir daqui, a Marvel teria uma vida editorial mais organizada e definida. No caso de Daredevil,Thomas continuou sendo o editor responsável e Gil Kane passou a fazer quase todas as capas dali para frente, independente de quem fosse o artista da história em seu interior.
Conway começou a passar o bastão para Steve Gerber em Daredevil 97,de 1973, quando o primeiro passa a escrever apenas a premissa da história e o segundo assume a finalização e os diálogos. Gerber se tornaria o escritor oficial da revista a partir do número 100.
Antes disso, Daredevil 99 faz uma importante conexão com Avengers 111(escrita por Steve Englehart e desenhada por Don Heck) na qual o Demolidor e a Viúva Negra se aliam aosVingadores. No fim da trama desta última, a Viúva Negra decide se tornar membro fixo da equipe, para mostrar que tem uma vida independente do Demolidor. O estopim é porque, emDaredevil 99, o Gavião Arqueiro (ex-namorado da moça) vai a San Francisco tirar satisfações e termina se envolvendo numa briga com o homem sem medo.
Daredevil 100 termina sendo umfechamento de ciclo já que, com Steve Gerber assumindo os roteiros, o desenhista Gene Colan decide sair da revista. Até ali, Colan tinha vivenciado uma temrporada praticamente ininterrupta no Demolidor por sete anos!O artista estava cansado do personagem e queria novos desafios. Além disso, ele já tinha começado a trabalhar em The Tomb of Dracula, uma revista de terror da Marvel protagonizada pelo príncipe dos vampiros. Este trabalho seria outro dos mais importantes da década e outra “assinatura” de Colan.
Ainda assim, Colan desenharia outras 10 edições de Daredevil até 1979, mas sempre de modo apenas casual, substituindo outros artistas.
Troca de cadeiras

A edição 124 traz a chegada de Marv Wolfman e o fim da parceria com a Viúva Negra. Arte de Gil Kane.
O restante dos anos 1970 não foram muito promissores para o Demolidor na maior parte do tempo. A ligeira subida nas vendas da fase Conway não se manteve e começou a decair de modo ininterrupto ao longo dos anos. Para piorar, os artistas e escritores seguintes não conseguiram imprimir muita vontade no Demolidor.
A fase de Steve Gerber iniciada naedição 100 demorou sete edições para encontrar um desenhista fixo, na figura de Bob Brown (que já tinha cuidado da revista dos Defensores). Brown seria o artista da revista por quase 40 edições,uma temporada só mais curta do que a de Colan. Gerber por sua vez ficaria por 19 edições, dando lugar a Tony Isabella em Daredevil 119. Este escritor, contudo, sequer esquentou a cadeira, o editor Roy Thomas não aprovou a abordagem de Isabella ao personagem e o substituiu por Marv Wolfman a partir de Daredevil 124, de 1975.
Marv Wolfman era um dos editores da Marvel e, no futuro, seria um dos mais importantes escritores dos quadrinhos (principalmente na DC Comics). Mas naquele momento, ainda estava desenvolvendo suas habilidades. Ao mesmo tempo, não conseguia imprimir um ritmo próprio ao Demolidor, coisa que nenhum escritor conseguira desde Lee. Ainda assim, sua fase foi mais importante do que as imediatamente anteriores. Também é importante frisar que Roy Thomas deixou de ser o Editor-Chefe da Marvel nessa mesma época, deixando também a editoria da revista Daredevil que tinha desde por volta do número 90.Marv Wolfman seria não somente o escritor da revista, mas também seu editor.
Em primeiro lugar, logo na primeira edição, Wolfmanencerra de vez a parceria do Demolidor com a Viúva Negra. Desde a edição 108 a revista não tinha mais o subtítulo …& Black Widow,mas a personagem continuava como recorrente nas histórias (mesmo também fazendo parte dos Vingadores). Contudo, Wolfman tratou de afastá-la imediatamente e, não somente isso, trouxe Matt Murdock de volta para Nova York e a Cozinha do Inferno.Daredevil 124 foi, assim, a última edição a ter a figura da Viúva Negra no lado direito do logo. E por fim, mais uma curiosidade: o editor Len Wein, entãoEditor-Chefe da Marvel, coescreveu esta edição em parceira com Wolfman.
Outro importante movimento de Wolfman no título foi criar uma nova namorada para Matt Murdock: Heather Glenn,que estreou em Daredevil 126. Boa parte da temporada de 20 edições do escritor na revista girou em torno da dramática trama entre Matt e Heather: ela era uma socialite de NY e pôs Murdock em contato com um mundo com o qual só tinha flertado até então. O escritor dotou a personagem de uma personalidade cativante, embora fosse emocionalmente frágil. Heather financiaria, por um tempo, as atividades de Nelson e Murdock, ao mesmo tempo em que o pai dela, Maxwell Glenn, estava envolvido em um grande esquema de crimes.
Naquela mesma edição em que criou Heather, Wolfman também introduziu oPromotor Blake Tower, o sucessor de Foggy Nelson na PP. Tower seria um personagem coadjuvante de certo destaque na Marvel, aparecendo na revista de vários heróis, como Capitão América, Homem-Aranha e Mulher-Hulk.
Por fim, Wolfman também criou o vilão Mercenário (Bullseye, no original), que apareceu em Daredevil 131, de 1976, e no futuro breve se tornaria o principal inimigo físico do Demolidor, substituindo velhas figuras como Coruja, Sr. Medo e Gladiador. O visual do Mercenário foi criado por John Romita, embora as revistas continuassem a ser desenhadas por Bob Brown. O Mercenário teria constantes aparições na revista dali em diante.
A temporada de Wolfman e Brown se encerra na edição 143, de 1977. Os dois saíram juntos, mas por motivos diferentes. Wolfman estava insatisfeito com seu próprio trabalho, ao mesmo tempo em que se tornara o Editor-Chefe da Marvel no ano anterior, ficando sobrecarregado de trabalho. Por fim, Wolfman assumiu a revista Amazing Spider-Man do Homem-Aranha e decidiu abdicar do Demolidor. Já Bob Brown estava gravemente doente com leucemia e morreria naquele mesmo ano.
Quem assumiu Daredevil na edição 144 foi o escritor Jim Shooter, ao lado do desenhista Gil Kane. Shooter tinha apenas 25 anos, mas era um experiente escritor de quadrinhos: ele começou fazendo roteiros para a revista da Legião dos Super-Heróis, da DC Comics, aos 13 anos de idade! O menino enviava os roteiros pelos correios e demorou meses para a DC perceber a idade dele! Mesmo assim, a revista fez um sucesso enorme nas mãos dele no fim dos anos 1960. Depois, de formar no Ensino Médio, Shooter se afastou um pouco das revistas, mas retornou em meados dos anos 1970. Ele teria um grande futuro na Marvel, como veremos a seguir.
Já Gil Kane era um veterano artista da Era de Prata, cocriador do Lanterna Verde Hal Jordan na DC Comics. Depois de anos fazendo as revistas daquele herói, do Batman e do Superman, Kane migrou para a Marvel no fim dos anos 1960, trabalhando noHulk e no Homem-Aranha. Na década de 1970, se tornou um dos célebre artistas quefaziam as capas das revistas da Marvel. Curiosamente, Kane tinha desenhado a maioria das capas da revista Daredevil desde o número 80, mas nunca tinha desenhado uma história do personagem (!) até aquelaedição 144.
Shooter era um escritor habilidoso e a fase dele com Kane se inicia dando sequência ao arco de histórias envolvendo os crimes deMaxwell Glenn, o pai de Heather. Em Daredevil 147,o empresário é preso, mas o Demolidor termina descobrindo que cometeu todos os seus crimes porque estava sob o controle mental de Killgrave, o Homem-Púrpura.
Na comemorativa Daredevil 150, de 1977,enquanto Shooter e o desenhista especialmente convidado Carmine Infantino introduzem o mercenário de aluguel Paladino, Maxwell Glenn não consegue lidar com a culpa pelos crimes que cometeu e termina por cometer suicídio.Antes de saber disso, Matt Murdock decide contar a Hearther que ele é o Demolidor e, por causa de seus poderes, sabe que o pai dela é inocente. Porém, na edição 151,(novamente com Kane na arte) ao saber de tudo, ela termina culpando o herói pelo destino do pai e desaparece.
Esses trágicos eventos encerram a curta temporada de Shooter na revista. O escritor também escrevia a revista dos Vingadores e, naquele ano, assumiu o cargo de Editor-Chefe da Marvel, ficando sem tempo para se dedicar ao Demolidor. Seu lugar na revista foi ocupado por Roger McKensie, a partir daedição 152.
Ao mesmo tempo, as vendas da revistaDaredevil caíam vertiginosamente, mesmo que vivesse uma boa fase. Mas como é o mercado quem manda, Darevevil se tornou um título bimestral a partir da edição 147.
O Início de uma Era Sombria
Aproveitando a pegada de Jim Shooter, Roger McKensie – que também escrevia a revista do Capitão América – decidiu dar uma ambientação mais sombria à série do Demolidor. Embora tenha envolvido o personagem num arco com os Vingadores – ao longo das edições 153 e 156(o que serviu para trazer a Viúva Negra de volta à revista por um breve momento) – a maior parte das tramas envolvia uma ambientação mais mundana, com o homem sem medo usando os criminosos comuns como informantes e combatendo um vilão assustador chamado Death-Stalker (que tinha sido criado lá atrás por Stan Lee e Gene Colan em Daredevil 39, mas nunca tinha sido tão bem usado).
O que prejudicou parte da temporada de McKensie foi a ausência de um artista fixo. Vários desenhistas passaram na revista, inclusive o clássico Gene Colan, que fez algumas edições.
Foi McKensie e Colan quem criaram o repórter do Clarim Diário Ben Urich, em Daredevil 153,que se tornaria rapidamente um dos personagens coadjuvantes mais importantes do universo do Demolidor e que, como grande investigador, logo, deduziria a identidade secreta do herói, passando a agir como um forte aliado.
A chegada de Frank Miller
A grande virada na vida do Demolidor veio com a chegada de Frank Miller no título. Inicialmente apenas como desenhista,logo, assumiria os roteiros também e transformaria Daredevil não apenas em umfenômeno de vendas, mas numa revista cult, sombria, violenta e fascinante. Seria Miller quem definiria a personalidadeconturbada e complexa de Matt Murdock e daria uma “cara” própria a todo o universo ao seu redor. Um verdadeira revolução nos quadrinhos.
Miller estreou na Marvel em pequenas participações e tirou a sorte grande ao desenhar uma edição de Spectacular Spider-Man 27, de 1979, apenas para cobrir as férias do artista regular. Aquele número trazia um encontro do Homem-Aranhacom o Demolidor e o editor Dennis O’Neil,responsável pelo Demolidor, achou que ele faria um bom trabalho no homem sem medo. Ao mesmo tempo, apesar da pouca inexperiência, Miller sequer era uma aposta arriscada, já que a revista Daredeviltinha vendas cada vez mais baixas e a Marvel começava a considerarsimplesmente cancelá-la.
Frank Miller estreou como desenhista emDaredevil 158, de 1979, com textos de Roger McKensie, e encerrando o arco doDeath-Stalker, que morre nessa edição. Curiosamente, diferente das épocas passadas, o artista estreante também passa a fazer as capas da revista.
Em seguida, a dupla embarca em um longo arco no qual há mais uma batalha entre o Demolidor e o Mercenário, com a participação da Viúva Negra, passando entre as edições 159 e 162. Em Daredevil 164, de 1980, McKensie e Miller mostram o repórter Ben Urich descobrindo a identidade secreta do homem sem medo e, ao confrontá-lo, Murdock simplesmente lhe conta tudo, sendo uma oportunidade para revisitar a origem e a carreira do herói.
A despeito das vendas ainda baixas, a Marvel parecia querer investir emDaredevil, que ganhou um novo logotipocriado por Miller na edição 166. Nesta edição também ocorre o casamento de Foggy Nelson e Deborah Harris, sua namorada quase desde sempre. Esta também foi a última edição assinada por Roger McKensie. O número 167 trouxe David Michellinie (que vinha do Homem de Ferro e dos Vingadores), mas já na edição seguinte Frank Miller assume os roteiros e os desenhos e iniciaria uma das mais importantes temporadas da história dos quadrinhos e uma verdadeira revolução na nona arte.
Revolução nos Quadrinhos
Até então, apesar de algumas histórias muito legais, bons conceitos e incontáveis grandes artistas, o Demolidor e sua revista eram unidades secundárias da Marvel. Jamais conhecido ou querido como o Homem-Aranha, Hulk ou os Vingadores. Bom, talvez ainda hoje ele não seja tão mundialmente conhecido quanto estes, porém, a partir do momento em queFrank Miller assumiu a escrita e a arte da revista, sem dúvidas o homem sem medo se tornou tão importante quanto esses outros e liderou uma revolução nos quadrinhos, na medida em que suas histórias se tornaram sombrias, violentas, inteligentes, ousadas, radicais e incrivelmente boas. Seu trabalho pioneiro é a pedra fundamental sobre a qual se construiria a Era Sombriados Quadrinhos, uma fase em que as HQ se tornaram mais adultas e que foram a tônica dos anos 1980 e 1990, principalmente.
Assumindo a partir de Daredevil 168, de1981, Frank Miller provocou grandes mudanças na vida de Matt Murdock, de sua revista e da indústria de quadrinhos. Para começar, impôs um regime diferente a Daredevil e seu universo: afastou o personagem do fantasioso universo Marvel e criou uma abordagem mais realista. Assim, os velhos vilões (Sr. Medo, Homem-Púrpura, Coruja) desapareceram por completo (à exceção do Mercenário), assim como os refugos de vilões do Homem-Aranha (Elektro, Kraven, Dr. Octopus…). Até os personagem coadjuvantes da revista desapareceram, permanecendo praticamente apenas o repórter Ben Urich, com Foggy Nelson aparecendo apenas ocasionalmente.
Agora, o Demolidorcombatia a escoria das ruas: pequenos bandidos, gangues, o crime organizado… E para dar um ar de HQ um novo grupo deninjas chamadoTentáculo. Matt Murdock se tornou mais conturbado e o mundo ao seu redor fico mais sombrio e assustador. Também é precisoelogiar a arte de Miller. Embora não fosse um grande artista de fisionomias ou muito preciso quanto a anatomia, compensava isso com uma grande dinâmica, senso de movimento e uma abordagem cinematográfica, abusando de ângulos sensacionais, dividindo os quadros das páginas de maneira criativa e abolindo os balões de pensamento e utilizando os recordatórios como um modo do próprio personagem narrar a história.
Outro ponto a destacar são as incríveis cenas de luta que Miller criava na revista. Poucos desenhistas foram tão habilidosos neste quesito como ele. Toda a sua temporada como escritor/desenhista é recheada de batalhas coreografadas sensacionais.
A resposta do público foi exemplar: bastaram apenas três edições para que Daredevil voltasse a ser uma revista mensal e, em pouco tempo, já era uma das mais vendidas da Marvel, batendo frente à frente com Homem-Aranha e X-Men.
Já em Daredevil 168Miller introduz uma personagem que abalaria as estruturas da revista: a mercenária assassinaElektra Natchios. Por meio de um longo flashback descobrimos que a moça grega, filha do Embaixador de seu país, foi um grande amor do passado de Matt Murdock, com os dois namorando na época da faculdade de Direito. Mas após o pai dela ser assassinado por bandidos, ela vai embora e desaparece. Agora, o Demolidor a encontra como a principal agente do submundo.
Mexer no passado do Demolidor virou uma regra para Miller: não apenas Elektra foi incluída retroativamente à sua vida, mas também inúmeros elementos novos de sua origem. Aproveitando que Stan Lee tinha contato que Murdock ganhou suas habilidades ainda adolescente e que só adulto – já como advogado atuante – é que se tornou o Demolidor, o escritor/artista tratou de preencher esse espaço com o seu treinamento. Assim, criou a figura de Stick, um misterioso cego que também tinha habilidades incríveis e treinou o herói nas artes marciais e no uso de seus poderes.
E Miller quebrou a regra de não usar mais vilões do Homem-Aranha uma vez, mas de modo genial, transformando Wilson Fisk, o Rei do Crime, no maior de todos os oponentes do Demolidor. Ora, se agora o homem sem medo se volta contra o crime organizado, que melhor oponente do que aquele cara que comanda o submundo da Costa Leste?
O Rei do Crime tinha sido criado por Stan Lee e John Romita em Amazing Spider-Man 50, de 1967. Embora tenha sido um importante inimigo do Homem-Aranha no fim dos anos 1960, os roteiristas posteriores não souberam fazer uso do personagem e Wilson Fisk praticamente caiu no esquecimento. Apenas fez algumas aparições como oponente do Capitão América num arco de histórias de 1972. Ele chegou a aparecer algumas vezes na revista do teioso, mas nunca com o mesmo brilho de antes.
Frank Miller transformou Wilson Fisk no mais “fodão” dos chefes criminosos. Um sujeito frio e genial, que comandava o crime – e a cidade! – com mão de ferro. E quem melhor do que um advogado que combate o crime com as próprias mãos para ser seu oponente mais ferrenho?
Miller exigiu de todos os personagens: o Demolidor precisava lidar com seus demônios internos (seu pai é mostrado como alguém violento, que batia nele!) e tentar “salvar” Elektra, apresentada agora como seu grande amor. Elektra, por sua vez, ficou “tocada” ao descobrir que Matt agora era um combatente do crime e fica dividida entre ser uma má ou uma boa pessoa. E o Rei do Crime pensa seriamente em se aposentar de suas atividades criminosas e seus próprios comandados armam um plano para sequestrar a esposa dele, Vanessa, para forçá-lo a se manter no comando, o que traz sérias consequências à saúde mental dela.
Claro que tudo tinha que terminar em tragédia: em Daredevil 181,de 1982, Elektra é morta peloMercenário. Na trama, após se desligar da organização de Wilson Fisk, este para lhe dar uma lição, contrata o Mercenário para eliminá-la, o que ele faz. Um Demolidor ensandecido de ódio e vingança vai atrás do vilão e – para surpresa dos leitores – simplesmente joga o Mercenáriode cima de um prédio! Edições seguintes mostrarão que ele não morre, mas fica paraplégico.
Como se isso não fosse o suficiente, em Daredevil 191, de1983, o Demolidor “visita” o Mercenário no hospital e, numconto assustador, “brinca” deroleta russa com ele. A arma está totalmente descarregada, mas o vilão não sabe disso!
A temporada de Frank Miller, claro, transformou o artista emuma estrela e ele produziu, portanto, várias outras edições especiais para a Marvel, como do Homem-Aranha e do Capitão América. Destaque para a minissérie Wolverine, escrita por Chris Claremont e desenhada por Miller, com a primeira aventura do membro dos X-Men que se tornava cada vez mais popular. A história é até hoje uma das melhores do personagem. Talvez por causa desses outros trabalhos, Miller gradativamente foi passando a arte de Daredevil para o arte-finalista Klaus Janson. AS últimas seis edições daquela fase tiveram apenas o layout de Miller, na qual Janson produziu ele mesmo os desenhos.
Como tudo o que é bom acaba, Miller encerrou sua passagem na edição 191, após dois anos maravilhosos em Daredevil. Esta última edição, mostra que Elektra foi ressuscitada pelo Tentáculo, mas a ideia era deixá-la “escondida”, já que a ex-assassina embarca em uma jornada de autoconhecimento isolada no Himalaia.
Miller produziria nos anos seguintes duas histórias focadas nela, por meio da sensacional série de graphics novels publicadas pela Marvel na segunda metade dos anos 1980: Elektra Assassina e Elektra Vive.
***
Encerramos aqui a primeira parte de nosso especial sobre o Demolidor nos quadrinhos.
Em breve, o HQRock publicará a segunda parte, que trará a dark fase de Dennis O’Neil, o retorno de Frank Miller para a sua melhor história, a colaboração de Ann Nocenti e John Romita Jr., os anos 1990, Kevin Smith, Brian Michael Bendis, Ed Brubaker e a atual fase de Mark Waid, além das adaptações do personagem ao cinema à TV.
Não perca!
Classificar isto:
4 Votes
Na categoria Demolidor, Desenhistas, Dossiês de Personagens, Escritores, Jack Kirby, Marvel Comics,Revistas, Stan Lee
Vingadores: Marvel muda origens de Feiticeira Escarlate e Mercúrio nas HQs mirando no cinema
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Os gêmeos Feiticeira Escarlate e Mercúrio ficarão mundialmente famosos em breve, ao estrearem em Vingadores – Era de Ultron, a sequência de Os Vingadores, o épico do Marvel Studios que reuniu nos cinemas pela primeira vez a equipe de super-heróis da Marvel Comics formada por Capitão América, Thor, Homem de Ferro e Hulk. Em vista disso, parece que os personagens sofrerão grandes transformações nos quadrinhos para torná-los mais próximos de suas versões no cinema. E mais: tais mudanças têm a ver com a disputa entre a companhia e a 20th Century Fox, que é a dona dos direitos de adaptação dos personagens mutantes da Marvel aos cinemas.
Confuso? Explicamos!
Ao contrário do que ocorre com a DC Comics e sua empresa-mãe, a Warner Bros., os personagens da Marvel Comics estão partilhados entre vários estúdios de cinema, que possuem a propriedade dos direitos de adaptação aos cinemas. A franquia dos Vingadores e seus personagens correlatos (além de outros mais isolados, como Guardiões da Galáxia, Dr. Estranho, os Inumanos e qualquer outra coisa mais obscura pela qual ninguém nunca se interessou em Hollywood) pertencem à própria empresa, que os usa via Marvel Studios.
Porém, além deles, o Homem-Aranha (e seu universo próprio de personagens) pertencem à Columbia Pictures/ Sony Pictures e o estúdio20th Century Fox é dono de X-Men, Motoqueiro Fantasma e Quarteto Fantástico. Ainda há alguns ou outros espalhados: aparentemente, Namor, o príncipe submarino pertence à Universal Pictures.
Enquanto Marvel e Sony conseguem dialogar e criar até planos conjuntos (veja aqui), as relações entre a Marvel e a Fox são péssimas, com vários relatos de disputas entre os dois estúdios (leia mais aqui).
Nos últimos anos, uma questão interessante apareceu sobre a dupla de personagensFeiticeira Escarlate e Mercúrio. O fato é que os personagens surgiram na revista dos X-Menem 1964 (criados por Stan Lee e Jack Kirby) e são classificados como mutantes. E a Fox é dona, por contrato, dos personagens mutantes da Marvel em termos de cinema. Entretanto, praticamente toda a carreira dos irmãos gêmeos nas HQs se deu nas histórias dosVingadores (grupo ao qual são afiliados desde 1965). Essa natureza dúbia permitiu que, alguns anos atrás, a Marvel anunciasse que a dupla estaria presente em Vingadores – Era de Ultron.
Em revide, a Fox decidiu usar os termos de seu contrato e colocouMercúrio em uma pequena sequência de cenas em X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido, que saiu este ano, um ano à frente de Era de Ultron, como uma maneira de garantir primazia da marca ou algo parecido. Visto por esse ângulo, parece que foi pura birra da Fox. E talvez tenha sido mesmo!
De qualquer modo, o Marvel Studios não pode – por contrato – classificar Feiticeira Escarlate e Mercúrio como “mutantes” em seus filmes. Daí, Era de Ultron terá que bolar uma nova origem para os irmãos gêmeos. Uma pista do que isso seria foi vista na cena pós-créditos deCapitão América 2 – O Soldado Invernal, também lançado este ano.
Na cena, vemos uma célula escondida daHIDRA em algum lugar do mundo, comandada peloBarão Wolfgang Von Strucker, que está de posse do Cetro de Loki (arma que este vilão usou em Os Vingadores) e está fazendo experiências em seres humanos. Feiticeira Escarlate e Mercúrio aparecem em celas como cobaias sobreviventes.
Se ainda não está claro, o diretor e escritor de Era de Ultron, Joss Whedon, falou recentemente sobre o tema em uma entrevista, dizendo claramente: Von Strucker está realizando experimentos com o Cetro de Loki e os gêmeos são fruto disso.
Os especialistas em HQs acham que a Marvel irá usar esse subterfúgio como uma maneria de introduzir os Inumanos nos cinemas.
Outro parêntese: Os Inumanos são uma raça secreta de seres especiais que surgiram nas aventuras do Quarteto Fantástico. Na trama, milhares de anos no passado, os alienígenasKree passaram na Terra e fizeram experimentos genéticos com ancestrais humanos, resultando em seres que têm habilidades especiais das mais variadas. Os Inumanos vivem, então, isolados e escondidos em uma cidade chamada Attilan, no Himalaia. Mais tarde, após revelados ao mundo, os Inumanos vão viver na área escura da Lua, onde há uma atmosfera na qual podem respirar.
Histórias recentes da Marvel Comics também revelaram que, no passado remoto, vários Inumanos terminaram vivendo escondidos entre os humanos, de modo que os genes inumanos foram transmitidos a descendentes que, nos dias de hoje, podem ter suas habilidades despertas com o devido estímulo.
Algo dessa trama apareceu também recentemente na série de TV Agents of SHIELD, que, como todos sabem, faz parte do mesmo universo ficcional dos filmes dos Vingadores.
Então, chegamos ao ponto da matéria: a minissérie Avengers & X-Men: Axis que vem sendo publicada pela Marvel Comics nos últimos meses trouxe a chocante informação de que, ao contrário do que se pensava há muito tempo, Feiticeira Escarlate e Mercúrio não são filhos de Magneto. E as chamadas para a sétima edição da mini, que chega às lojas dos EUA em janeiro, prometem ainda mais surpresas!
Os especialistas apostam que será revelado que os irmãos são, na verdade, não mutantes, masInumamos.
Para quem não conhece à fundo as HQs, é importante explicar a filiação da dupla. Quando surgiram em X-Men 04, Wanda e Pietro Maximoffsão apresentados como filhos de ciganos. Mais tarde, se revelou que, na verdade, eles tinham sido adotados por ciganos e seus pais verdadeiros eram desconhecidos. Uma história de 1974 “revelou” que os pais verdadeiros da dupla eram o casal de super-heróis da II Guerra Mundial Ciclone (Whizzer) e Miss America. Num malabarismo de roteiro, o escritor Roy Thomas determinou que a mulher morreu no parto dos gêmeos e o pai, desesperado, fugiu enlouquecido, deixando as crianças na Montanha de Wundagore aos cuidados do vilão Alto Evolucionário, que mais tarde, entregou os bebês à família cigana Maximoff.
A questão parecia resolvida, mas em 1979, o arco de histórias Noites de Wundagore, escrita por David Michelinie e desenhada porJohn Byrne, terminou por trazer ainda mais detalhes: na verdade, Ciclone e Miss América chegaram em Wundagore para terem seus filhos, mas as crianças teriam nascido mortas! Como maneira de consolar Ciclone pela morte também da esposa, pegaram um casal degêmeos recém-nascidos que estavam por lá e os apresentaram a Ciclone como se fossem seus filhos, mas o ex-herói simplesmente saiu correndo desesperado pela morte da mulher. E da onde vinham essas outras crianças? Uma misteriosa mulher chamada Magda tinha aparecido dias antes em Wundagore, entrado em trabalho de parto e, em seguida, simplesmente desaparecido.
A história não esclarece quem é Magda, mas os leitores atentos do Universo Marvel puderam perceber que também se chamava Magda a primeira esposa do vilão Magneto, que o deixou após este revelar seus poderes pela primeira vez (eventos mostrado nas revistas dos X-Men). Estava matada a charada? Wanda e Pietro Maximoff eram filhos de Magneto? Quatro anos depois, uma minissérie focada na Feiticeira Escarlate e seu marido, o Visão, terminou por confirmar as suspeitas.
Desde então, ficou estabelecido que Feiticeira Escarlate e Mercúrio eram filhos de Magneto, o mesmo vilão que os havia arregimentado para sua Irmandade dos Mutantes, grupo ao qual aparecem em X-Men 04.
No filme X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido fica subtendido que Mercúrio é filho de Magneto, embora tal relação não seja explorada. Mas ele deve voltar no vindouro X-Men – Apocalipse, prometido para 2016.
Agora, parece que a Marvel Comics quer mudar isso para desvincular os irmãos dos mutantes, dos X-Men e de Magneto e usá-los de modo mais tranquilo nos cinemas. A expectativa é que, nos cinemas, eles também sejam Inumanos e uma forma de apresentar esse grupo de personagens no cinema.
Qual implicação isso terá para a 20th Century Fox, não se sabe. Mas a Marvel poderá consolidar sua versão cinematográfica da dupla de heróis sem ter que apelar ao universo mutante.
Avengers – Age of Ultron é escrito e dirigido por Joss Whedon. O elenco reúne Robert Downey Jr. (Tony Stark/Homem de Ferro), Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América), Chris Hemsworth (Thor), Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/Viúva Negra), Jeremy Renner (Clint Barton/Gavião Arqueiro), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Elizabeth Olsen (Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate), Aaron Taylor-Johnson (Pietro Maximoff/Mercúrio), James Spader (Ultron), Don Cheadle (Coronel James Rhodes), Cobie Smulder (Agente Maria Hill), Thomas Krestschmann (Barão Wolfgan Von Strucker), Paul Bettany (JARVIS/ Visão), Andy Serkis (Ulysses Klaw) e Kim Soo Hyun (papel não-revelado), com participações especiais de Josh Brolin (Thanos), Anthony Mackie (Sam Wilson/Falcão) e Hayley Atwell (Peggy Carter). As filmagens passaram pela África do Sul, Itália, Coreia do Sul e Grã-Bretanha. O lançamento será em 1º de maio de 2015, nos EUA.
Os Vingadores surgiram em 1963, criados por Stan Lee e Jack Kirby, publicados em The Avengers 01, reunindo personagens já criados previamente. Mais importante supergrupo da Marvel Comics, fazer parte da equipe significa ter um status diferenciado de importância no Universo da editora.
Feiticeira Escarlate e Mercúrio foram criados por Stan Lee e Jack Kirby e surgiram em X-Men 04, de 1964. Cerca de um ano depois, foram introduzidos nas histórias dos Vingadores, emAvengers 15, passando a ser membros da equipe desde então. São dois dos vingadores mais tradicionais em todos os tempos.
Classificar isto:
3 Votes
Na categoria Desenhistas, Escritores, Filmes, Jack Kirby, Marvel Comics, Marvel Studios, Revistas,Vingadores
Capitão América: Marvel lança coletânea de histórias de Peggy Carter e uma minissérie
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Tendo em vista que a personagem Peggy Carter ganhará sua própria série de TV em breve – Agent Carter,série de TV produzida pela Marvel Television e exibida pela ABC, que narrará as aventuras da agente secreta Peggy Carter dos quadrinhos da Marvel Comics, que estrelou o filme Capitão América – O Primeiro Vingador – a Marvel Comics está lançando este mês uma coletânea de histórias em quadrinhos com a personagem. Captain America: Peggy Carter, Agent of SHIELD reúne as mais importantes histórias a trazerem a personagem nas HQs.
Nos quadrinhos, Peggy Carter foi criada por Stan Lee e John Romita em Tales of Suspense 77, de 1966, como uma agente especial dos EUA que agia junto à Resistência Francesa na II Guerra Mundial e se torna o grande amor do passado de Steve Rogers, o Capitão América. Na trama, o herói via uma mulher na rua – que terminaria sendo Sharon Carter, a Agente 13 da SHIELD – e a persegue por achá-la muito parecida com o seu velho amor dos tempos da guerra (lembrando que o Capitão terminou o conflito congelado e foi despertado décadas depois no nosso presente). Depois, ao assistir um documentário sobre si mesmo nos tempos da guerra, relembra sua história com a misteriosa agente do passado.
Inicialmente, a identidade de Peggy Carter foi mantida em segredo do leitor e somente bem mais tarde, em Captain America 161 e 162, de 1973, é que seu nome é revelado. Também é revelado que Peggy é a tia-avô de Sharon Carter, que se tornara a namorada do Capitão América depois que ele despertou no presente.
Algumas histórias dos anos 1970 exploraram o drama de Peggy em relação a Steve e Sharon, mas a personagem ficou subutilizada na maior parte do período posterior. Com idade bastante avançada, Peggy Carter faleceu numa história mostrada em Captain America (vol. 06) 01, de 2011.
No cinema, a história da personagem não parece tão diferente: ela aparece como uma agente secreta britânicaagindo aliada aos americanos em Capitão América – O Primeiro Vingador. Ela acompanha a transformação do franzino Steve Rogers no supersoldado Capitão América, auxiliando-o mais tarde em meio à II Guerra Mundial no combate contra a HIDRA liderada pelo Caveira Vermelha. No fim do filme, Rogers é dado como morto (em 1945) e Peggy precisa seguir a vida.
Em Os Vingadores, quando o Capitão América está de volta ao nosso presente (ele passou 70 anos congelado e foi despertado nos dias atuais), uma rápida cena mostra que Peggy ainda está viva. Em Capitão América 2 – O Soldado Invernal vemos Peggy Carter muito idosa e doente, sendo visitada por Rogers. Também fica claro que ela casou e que foi uma das fundadoras da SHIELD.
Esse passado da personagem será explorado na série Agent Carter, mas a personagem também aparece em cenas de flashback em outra série de TV da Marvel, Agents of SHIELD. Em todas essas encarnações, ela é vivida pela atriz Hayley Atwell.
Captain America: Peggy Carter, Agent of SHIELD mostrará a versão em quadrinhos desses fatos, reunindo material de Tales of Suspense 77, Captain America 184 a 186, Captain America (vol. 06) 01 e 02 e a edição especial de 2011, Captain America: The First Thirteen, que mostra aventuras dos dois personagens na época da guerra. Os roteiros são de Stan Lee, Steve Englehart, John Warner, Ed Brubaker e Kathryn Immonen; e desenhos de Jack Kirby, John Romita Sr., Herb Trimpe, Frank Robbins, Sal Buscema, Steve McNiven e Ramón Pérez.
Além da coletânea, a Marvel também começa a publicar em janeiro uma minissérie estrelada pela personagem, ao lado do personagemHoward Stark, o pai do Homem de Ferro, chamada Operation SIN. Segundo a sinopse oficial, Carter e Stark irão unir forças para recuperar uma tecnologia alienígena que caiu na Rússia (e são tempos de Guerra Fria) ao mesmo tempo em que precisam lidar com a emergência de uma nova grande ameaça: o surgimento da organização terrorista chamada HIDRA.
Operation SIN terá roteiro deKathryn Immonen e desenhos deRich Ellis, com capas de Michael Komark, Gabriel Hardman e Skottie Young.
O Capitão América foi criado por Jack Kirby e Joe Simon em 1941 e foi o maior sucesso dos anos iniciais da Marvel Comics. Após décadas sem ser publicado, foi resgatado para as histórias modernas em Avengers 04, de 1964, por Stan Lee e Jack Kirby, numa história dos Vingadores, grupo que passou a liderar a partir de então.
Classificar isto:
2 Votes
Na categoria Capitão América, Desenhistas, Escritores, Filmes, Jack Kirby, Marvel Comics, Revistas, TV
Capitão América 3: Ator Daniel Brühl será vilão no filme. E irmãos Russo podem dirigir Vingadores 3?
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Foi anunciado oficialmente ontem que o atorDaniel Brühl (de Rush e Bastardos Inglórios) foi contratado para Capitão América – Guerra Civil, sequência de Capitão América 2 – O Soldado Invernal e fecho da trilogia das aventuras-solo do herói criado pela Marvel Comics, levado aos cinemas pelo Marvel Studios e Disney Company. O anúncio não especifica qual o papel do ator, mas suas origens (pai alemão e mãe espanhola) logo fazem o nome Barão Zemo gritar nas entrelinhas. Por outro lado, a sempre confiável e certeira Variety afirma que Brühl não será o vilãoprincipal de Guerra Civil, mas terá um papel bem maior no filme do Dr. Estranho.
De qualquer modo, tendo em vista que Caveira Vermelha, Soldado Invernal e Armin Zola já foram usados nos filmes do Capitão América, nada mais natural que o próximo vilão seja oBarão Zemo, um dos mais importantes inimigos nas HQs originais.
O Barão Zemo apareceu pela primeira vez criado por Stan Lee e Jack Kirby emAvengers 06, de1964. A história revela que ele era o vilão por trás do acidente aéreo que vitimou Bucky Barnes e deixou o Capitão América à deriva no Ártico, em abril de 1945 (fato mostrado emAvengers 04, pouco antes), para ser congelado e ser resgatado pelos Vingadores décadas mais tarde. Naquela revista, Zemo reunia o grupo de supervilões Os Mestres do Terror, que foi a principal ameaça que os Vingadores enfrentaram em seus primeiros anos.
Na trama, o Dr. Heinrich Zemo era um grande cientista e o 12º Barão Zemo, naAlemanha Nazista. Membro do Partido e fervoroso defensor da teoria da supremacia ariana, Zemo foi um dos grandes aliados de Hitler na campanha do Nazismo. As duas maiores invenções do cientista foram o raio da morte (um poderoso feixo de energia capaz de desintegrar um ser humano) e oAdesivo X (uma cola tão aderente que era incapaz de ser removida por qualquer que fosse o processo). Ele assumiu uma identidade mascarada durante a II Guerrapara preservar sua identidade em atos terroristas, mas numa batalha contra o Capitão América o Adesivo X terminoulançado em seu rosto e grudando para sempre a máscara em sua face.
O personagem foi introduzido retroativamente na cronologia do Capitão América por Lee e Kirby (já que não existia nas aventuras originais dos anos 1940) como um de seus principais oponentes na II Guerra. Quando o herói desperta vivo na revista dos Vingadores, imediatamente o Barão Zemo (que viva escondido na América do Sul) trama um grande plano para matá-lo, ainda movido pelo desejo de vingança graças à desgraça em seu rosto.
O Barão Zemo e os Mestres do Terror confrontaram os Vingadores várias vezes entre as edições 06 e 15 deAvengers, até o vilão ser morto nesta última história. Ainda assim, o fato de ser um grande vilão, líder daquele grupo e o responsável pela “morte” de Bucky Barnes tornaram-no um personagem recorrentes emhistórias futuras por meio de flashbacks, permanecendo como uma presença importante.
Na revista Captain America 168, em 1973, porSteve Englehart e Sal Buscema, surgiuHelmut Zemo, o filho do vilão, que adotou a identidade de Fênix e tentou vingar a memória do pai contra o herói. Porém, no confronto, Helmut terminou caindo em um grande tonel de Adesivo X, aparentemente morrendo no processo. Não seria o caso. Anos mais tarde, Helmut Zemo se revelou vivo e assumiu a identidade criminosa do pai, como o 13º Barão Zemo, na revista Captain America 275 a 278, de 1983, por J.M DeMatteis e Mike Zeck, numa trama em que sequestra um amigo de infância de Steve Rogers. O vilão voltaria outra vez em meio ao arco deCaptain America 290 a 330, em meio a um grande plano do Caveira Vermelha.
Com o passar dos anos, a importância do novo Barão Zemo só fez aumentar, sendo ele o responsável por reunir uma nova versão dosMestres do Terror e promover um ataque devastador aos Vingadores no arco O Cerco, em Avengers 273 a 277, de 1986, por Roger Stern e John Buscema, nesta que é uma das melhores aventuras da equipe em todos os tempos. O Barão Zemo também reuniu outra versão dos Mestres do Terror disfarçados como um grupo de novos heróis na revistaThunderbolts 01, de 1996, numa série de aventuras que fez bastante sucesso.
Voltando ao filme Capitão América – Guerra Civil, é bem possível termos a presença do vilão. Também não se deve esquecer a possibilidade do Caveira Vermelha ainda reaparecer nos filmes, já que ficou muito claro que o vilão não morreu em O Primeiro Vingador. Tendo em vista a trama das revistas do herói pós-O Soldado Invernal(que foi adaptado no último filme), seria natural o velho herói nazista estar criando planos nos bastidores. Ainda mais com a presença de Ossos Cruzados, seu braço direito.
Por fim, outro rumor que veio à tona esses dias é a notícia de que Joe e Anthony Russoirão não apenas dirigir Guerra Civil, mas também assumir o comando deVingadores – Guerra Infinita, Parte I e II. Esse boato não é novo, mas continua sendo muito estranho, tendo em vista que é Joss Whedon quem comanda a franquia da equipe nos cinemas e está terminando Vingadores – Era de Ultron, que chega aos cinemas em 2015.
O que dá mais corpo ao rumor é o fato de que agora um site extremamente confiável, como o Deadline Hollywood, também afirmou ter ouvido isso de suas fontes. Guerra Infinita I e II saem em 2018 e 2019, respectivamente, encerrando o primeiro grande arco da equipe nos cinemas. Será que Whedon irá deixar o barco? É apenas um rumor?
Tendo em vista queGuerra Infinita Parte I não terá os Vingadoresprincipais(mas uma equipe substituta com membros secundários, como Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Visão, Máquina de Combate, Falcão e talvez até o Homem-Aranha), seria possível imaginar um cenário na qual Joss Whedon escreveria apenas o roteiro e o comando das filmagens ficaria à cargo dos Irmãos Russo, para o cineasta descansar um pouco e voltar para realizar Guerra Infinita Parte II com o retorno da equipe principal para combater Thanos. Sim, seria possível, porém, o que se sabe é que Parte I e Parte II serão filmados consecutivamente (para baratear os custos).
Mas pensando bem, já que são outros personagens, até que seria possível mesmo…
Bem, veremos mais sobre isso em breve mesmo.
Guerra Civil mostrará a implantação de uma Lei de Registro de Superseres que obrigará os heróis da Marvel a responderem a ordens superiores, causando um racha ideológico entre o Capitão América (que discorda da Lei, porque fere os direitos humanos) e o Homem de Ferro(que apoiará a lei e lutará para que seja implantada), que rapidamente evoluirá para um conflito aberto entre os dois ex-aliados. Ao mesmo tempo, forças ocultas devem se mover para tornar a vida do herói ainda mais difícil.
Captain America – Civil War manterá os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely e a direção dos irmãos Joe e Anthony Russo. O elenco terá Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América), Robert Downey Jr. (Tony Stark/ Homem de Ferro), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/ Viúva Negra), Daniel Brühl (papel não revelado), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Sebastian Stan (Bucky Barnes/Soldado Invernal), Anthony Mackie (Sam Wilson/Falcão), Chadwick Boseman (T’Challa/ Pantera Negra), Cobie Smulders (Agente Maria Hill), Frank Grillo (Brock Rumlow/ Ossos Cruzados), Emily VanCamp (Sharon Carter/ Agente 13), dentre outros. As filmagens iniciam em abril de 2015. O longametragem será parte da Fase 3 do Universo Marvel nos Cinemas, que deve culminar em Os Vingadores 3 e 4, em 2018 e 2019. A estreia será em 06 de maio de 2016.
O Capitão América foi criado por Jack Kirby e Joe Simon em 1941 e foi o maior sucesso dos anos iniciais da Marvel Comics. Após décadas sem ser publicado, foi resgatado para as histórias modernas em Avengers 04, de 1964, por Stan Lee e Jack Kirby, numa história dos Vingadores, grupo que passou a liderar a partir de então.
Classificar isto:
2 Votes
Na categoria Capitão América, Desenhistas, Dossiês de Personagens, Escritores, Filmes, Jack Kirby,Marvel Comics, Marvel Studios, Stan Lee, Vingadores
Etiquetas: Capitão América, Guerra Civil
X-Men: As Melhores Histórias
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Durante décadas, a equipe de heróis mutantes da Marvel Comics, os X-Men, foram um dos produtos de maior sucesso no mercado editorial das histórias em quadrinhos. Agora, sucesso também nos cinemas – com o recente X-Men – Dias de um Futuro Esquecido, sequência de X-Men – Primeira Classe, levado aos cinemas pela 20th Century Fox. Aproveitando a deixa, oHQRock traz uma seleção das Melhores Histórias da equipe em sua mídia original.
Percebe-se, de antemão, que os mutantes sempre renderam boas histórias, especialmente em tempos idos. A lista procuraequilibrar posições a partir de temporalidades distintas, clássicos e contemporâneos; mas não se pretende definitiva. Afinal, são mais de 50 anos de HQs de muita qualidade.
Contudo, o HQRock não se exime de afirmar que a qualidade das histórias dos X-Men decaiu demais nas últimas décadas e que seus personagens – e criadores – permanecem rodando em círculos; reciclandoconceitos antigos. Mesmo que a fase Marvel Now tenha inovado em algumas coisas, nas mãos de Brian Michael Bendis, ainda é algo muito aquém do que os mutantes foram no passado.
Mas vamos celebrar o que é bom. Por isso, pegue seu visor de lentes de quartzo de rubi, afie suas garras de adamantium, faça um polimento na sua pele de aço orgânico e se teletransporte para o parágrafo seguinte, contemplando as Melhores Histórias dos X-Men nos quadrinhos.
01 – A SAGA DA FÊNIX NEGRA
Por Chris Claremont (texto) e John Byne(argumento e desenhos), em X-Men 129 a 138, de 1980.
Ponto máximo das aventuras dos X-Men, A Saga da Fênix Negra definiu a equipe nos anos 1980 e é ainda hoje uma referência importante ao universo mutante. Sua trama básica já foi usada no cinema – em X-Men – O Confronto Final e nos anteriores – mas foi desperdiçada pela falta de visão dos roteiristas e do medo do estúdio em arriscar. Nos quadrinhos, é dinamite pura.
É preciso entender uma prévia: a transformação de Jean Grey, a Garota Marvel, na Fênix, que ocorreu no arco Feliz Natal, X-Men (leia abaixo), na qual a garota telepática e telecinética ganha poderes cósmicos quase infinitos, muito além da compreensão humana. A personagem, porém, ficou um tempo sem muita utilidade até A Saga da Fênix Negra começar.
Na trama, Jean Grey começa a ser assombrada por inexplicáveis memórias doséculo XVIII, como de uma antepassada dela. Essa Jean Grey “do passado” é seduzida por um belo nobre chamado Jason Wyndgare e começa a se apaixonar. Na verdade, Wyndgare é ninguém menos do que o Mestre Mental – velho membro daIrmandade de Mutantes – que está manipulando a mente da heroína para despertar o lado negro dela. E dá certo! As maquinações dele, apoiadas pelo misteriosoClube do Inferno, fazem emergir a Fênix Negra, uma versão completamente maligna e amoral de Jean Grey. E revestida dos poderes infinitos da Fênix.
Como os X-Men podem confrontar a sua colega de equipe? Como Ciclope pode lidar com o fato do amor de sua vida se transformar no pior inimigo que os X-Men já combateram?
A Saga da Fênix Negra se desenvolve cheia de nuances e termina de forma trágica, marcando um importante momento dos X-Men nos quadrinhos, mas também, criando um dos eventos mais dramáticos da Marvel.
No plano editorial, a saga também foi marcante. Claremont e Byrne produziram a história, mas o Editor-Chefe da Marvel na época, o polêmico Jim Shooter, os obrigou a reescrever o final. Afinal, a Fênix havia matado 6 bilhões de pessoasao explodir um planeta apenas para demonstrar o seu poder. Na visão de Shooter, isso era imperdoável e ela tinha que ser punida.
Assim, Claremont e Byrne escreveram a dramática cena em que Jean Grey se sacrifica para impedir a ela mesma. Contudo, o estresse causado pelo fim da história e uma série de discordâncias entre os dois autores terminou por abalar profundamente a parceria que criou os melhores momentos dos X-Men nos quadrinhos.
Fênix Negra é leitura obrigatória de qualquer fã dos mutantes (ou de HQs): perfeita combinação das tramas intricadas e cheias de mudanças de Claremont com a belíssima arte de Byrne, um mestre.
Tudo muito diferente do arremedo de A Saga da Fênix que aparece em X-Men – O Confronto Final, que usa os elementos básicos da trama (quer dizer, apenas o descontrole de Jean Grey perante seus poderes), mas sem nenhum tipo de gravidade, emoção ou profundidade. O fato do filme praticamente não utilizar Ciclope e tentar transferir o drama inteiramente para Wolverine fazem qualquer fã das HQs se contorcer. Um desperdício…
02 – DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO
Por Chris Claremont (texto) e John Byrne(argumento e desenhos), em Uncanny X-Men 141 e 142, de 1981.
Neste clássico arco sobre futuros possíveis, a dupla genial Chris Claremont e John Byrne produz seu derradeiro trabalho. É uma das melhores aventuras dos X-Men em todos os tempos! Na trama, vemos um futuro devastador, na qual os mutantes foram impiedosamente caçados e exterminados pelos Sentinelas e apenas alguns sobreviventes estão em um campo de concentração. Wolverine é o único dos antigos X-Men ainda livre e ajuda seus companheiros em um plano suicida: lançar a consciência de Kitty Pryde ao passado, mudar os eventos e evitar aquela tragédia de ocorrer.
O plano dá certo e a velha Kitty encarna na versão adolescente dela mesma, no momento em que está ingressando nos X-Men. Agora, os X-Men do presente precisam impedir uma nova encarnação da Irmandade de Mutantes, liderada por Mística, de assassinar o Senador Robert Kelly e, com isso, dar início a toda uma cadeia de eventos que resultará no futuro mostrado.
A história se desenvolve em dois planos, mostrando os X-Men do presente e os do futuro. Estes últimos, infelizmente, não se dão tão bem e vemos-nos sendo destruídos pelos Sentinelas, inclusive, Wolverine. Ninguém deu muita importância à época, porém, vemos a morte de Logan!
Nopresente, a história de Kitty Pryde sequer é contestada (Xavier e Wolverine podem aferir que ela diz a verdade ao vir do futuro); mas ainda assim é preciso correr contra o tempo para impedir que Mística e Sina cumpram sua missão. A trama também deixa algumas pontas soltas para o futuro, como a ligação entre Mística eNoturno.
No ponto de vista editorial, além de lançar um tema (viagens no tempo) que voltaria a ser extremamente explorado no futuro; de inspirar o filme O Exterminador do Futuro (que claramente se usa de ideias, cenas e trama desta história); Dias de Um Futuro Esquecido também é o marco final da elogiadíssima fase de Chris Claremont e John Byrne à frente dos X-Men. A dupla que já vinha com as relações estremecidas desde A Saga da Fênix Negra, publicada pouco tempo antes, cedeu à pressão e se desfez. Byrne deixou os X-Men e se tornou uma das maiores estrelasdo mundo dos quadrinhos dos anos 1980, com passagens marcantes em dezenas de personagens; enquanto Claremont permaneceria por mais dez anos à frente das histórias dos mutantes.
Porém, os X-Men nunca mais seriam tão grandesquanto nas mãos de Claremont e Byrne juntos.
Também não custa lembrar que Dias de Um Futuro Esquecido acabou de ser adaptado aos cinemas, em um filme muito interessante e de grande sucesso. Mesmo que utilize apenas os elementos básicos da trama e os adapte à realidade dos X-Men nos cinemas, o filme é bem-sucedido (leia a resenha do HQRock aqui). Também é curioso notar que alguns elementos da trama da HQ foram usados em outros filmes dos mutantes, como o ataque ao Senador Kelly, que está presente em X-Men – O Filme.
03 – DAS CINZAS
Por Chris Claremont (texto), Paul Smith e John Romita Jr.(desenhos), em Uncanny X-Men 170 a 175, de 1983.
Esta história é praticamente uma sequência da Saga da Fênix Negrae também inclui dentro de si o arco Glória Escarlate (Uncanny X-Men 170 a 173) focado em Wolverine. Na trama, enquanto vemos Wolverine voltando ao Japão para finalmente se casar com Mariko Yashida; Scott Summers, o Ciclope, também está afastado da equipe, indo conhecer os avós no Alasca. Na companhia aérea deles, termina conhecendo a piloto Madelyne Pyror, uma garota ruiva muito semelhante a Jean Grey. Tendo em vista sua perda recente, é compreensível que Summers sinta-se atraído por ela. E ela corresponde.

Os X-Men na fase de Claremont e Smith: Vampira, Tempestade, Ciclope, Colossus, Noturno, Ninfa (Kitty Pryde) e Wolverine.
Enquanto Wolverine e os X-Men combatem Víbora (a Madame Hidra) e o Samurai de Prata no Japão; Scott e Madelyne vão se conhecendo e se enamorando. Quando Wolverine é dispensado por Mariko no altar, os X-Men retornam à Mansão X e as duas tramas se chocam. Os X-Men já vinham experimentando situações estranhas – Tempestade viu o pássaro de fogo da Fênixno Japão! – e todos ficam assustados com a semelhança entre Madelyne e a falecida Jean Grey. Para piorar, Madelyne era a única sobrevivente de um acidente aéreo que ocorreu na mesma hora em que a Fênix Negra morreu na Lua.
E qual não é a surpresa dos X-Men ao retornarem para casa e se depararem com um novo ataque da Fênix? Como é possível, se Jean Grey morreu na Lua meses antes?
Uma história fantástica da longa fase de Chris Claremont à frente dos mutantes, marcando ainda o final da temporada desenhada por Paul Smith, e dando passagem a John Romita Jr., que também seria um artista marcante na carreira do grupo.
A trama de Madelyne Pryor, contudo, apenas se inicia neste arco. A trama continuaria a se desenvolver pelos anos seguintes e renderia ainda muitos outros atos, só se encerrando no arco Inferno, em 1988 (veja abaixo).
04 – MASSACRE DE MUTANTES
Por Chris Claremont (texto), John Romita Jr., Rick Leonardi, Alan Davis (arte), em Uncanny X-Men 210 a 213, de 1986. [Prossegue também em X-Factor 09 a 11, por Louise Simonson e Walt Simonson]
Um misterioso grupo de assassinos começa sem aviso uma matança sem tamanho, praticamente eliminando os Morlocks, mutantes deformados que vivem secretamente no subsolo de Nova York. Atendendo a um pedido de socorro – além do fato de Tempestade ser a “líder honorária” dos Morlocks – os X-Men chegam tarde demais para impedir o pior, mas usam todas as suas habilidades para deter os Carrascos que realizaram o ataque e descobrir quem é o misterioso líder do grupo, um novo vilão que irá se tornar fundamental para os títulos mutantes.
Não é uma trama genial, mas uma grande matança que não exclui os membros importantes dos X-Men, como Kitty Pryde, Noturno e Colossus que são seriamente feridos (e o Anjo do X-Factor, também) e chegam a sair da equipe por causa disso. Massacre de Mutantes também teria sérias consequências à cronologia dos X-Men, inclusive, com a introdução do Sr. Sinistro e, não menos importante, a adesão de Dentes de Sabre no cânone de vilões da equipe e, mais ainda, de Wolverine.
As duas batalhes entre Wolverine e Dentes de Sabre (desenhadas por Rick Leonardi e Alan Davis, respectivamente) são dois clássicos da época.
De bônus, o leitor ainda pode ler as boas histórias do X-Factor – um grupo derivado dos X-Men, formado pelos membros originais da equipe (Ciclope, Garota Marvel, Fera, Homem de Gelo e Anjo – que estão vinculados à saga e são muito interessantes. Além disso, a saga Massacre de Mutantes teve efeitos (menores, é claro) em vários outros títulos da Marvel, comoDaredevil (Demolidor), Powerpack(Quarteto Futuro) e até Thor.
05 – DEUS SALVA, O HOMEM MATA (Conflito de uma Raça)
Por Chris Claremont (texto) e Brent Anderson (arte), em Marvel Graphic Novel 05: God Loves Man Kills, de 1982.
Uma das mais belas histórias dos X-Men,O Conflito de uma Raça (como ficou conhecido no Brasil) está meio esquecida nos dias de hoje e foi pouco republicada desde sua edição original, em 1982. Na época, o editor-chefe da Marvel, Jim Shooter, havia encampado uma série de graphhic novels, grandes revistas em formato magazine, com edição mais caprichada, arte especial (muitas das quais pintadas como quadros) e roteiro acima da média. Deus Salva, O Homem Mata foi a contribuição dos X-Men ao pacote.
Escrita pelo mesmo Chris Claremont das revistas mensais, a graphic novel se destaca por trazer um conto mais humano (e menos super-heroístico) e explicitar de maneira quase doméstica o clima de “ódio e temor aos mutantes”, que por vezes era apenas implícito nas revistas. Na trama, o reverendo William Stryker dá início a uma feroz campanha anti-mutante, revestida de religiosidade. Logo descobrimos que Stryker não é nada santo e lidera uma milícia anti-mutante que vem assassinando mutantes, inclusive, crianças.
Isso motiva os X-Men a se aliarem aMagneto para combatê-lo, o que foi crucial para o processo dearrependimento do vilão que, em breve, se tornaria um aliado da equipe. A história, com uma bela arte de Brent Anderson, então, mostra um conflito moral forte e um final surpreendente humano, sendo um dos grande momentos de Claremont em sua longeva passagem pela equipe.
Como se pode notar, parte da trama serviu de base para o filme X-Men 2, que entretanto, transformou William Stryker em um militar, em vez de pastor. O personagem, então, apareceu em X-Men Origens – Wolverine e no novo X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido; estando no cinema intrinsecamente ligado às origens de Logan.
06 – FELIZ NATAL, X-MEN! (Ou Surge a Fênix!)
Por Chris Claremont (texto) e Dave Crockum (arte) em Uncanny X-Men 98 a 101, de 1976.
Embora tenha sido o escritor Len Weinquem criou os Novos X-Men – a segunda encarnação do grupo (com Tempestade, Wolverine, Noturno e Colossus), que liderada por Ciclope, passa a substituir os velhos X-Men dos anos 1960; coube a Chris Claremont desenvolver a equipe e transformá-la nos X-Men que conhecemos hoje. E Feliz Natal, X-Mené o primeiro grande clássico de Claremont à frente dos mutantes.
Na trama, enquanto comemoram o Natal (o primeiro desde que a nova equipe se reuniu), os X-Men são atacados por uma nova geração de Sentinelas. Parte da equipe é sequestrada e levada a umabase espacial, submetida a exames comandados pelo cientista Stephen Lang (mais tarde revelado como um dos membros do ciclo interno do Clube do Inferno). Os membros da equipe que permaneceram na Terra precisam encontrar uma maneira de entrar em órbita, invadir a estação espacial de Lang e ainda trazer seus companheiros com vida.
Uma aventura eletrizante, beneficiada pela arteinteressante de Dave Crockum, que criou a maior parte visual desse novo universo.
Não menos importante é a ressalva de que a maiorconsequênciada trama é a transformação de Jean Grey na Fênix: a moça é bombardeada por raios cósmicos em uma tempestade solar e termina ganhando poderes inimagináveis. Depois de arco, as coisas jamais seriam as mesmas para os X-Men e a grande consequência viria bem mais tarde com A Saga da Fênix Negra.
07 – X-MEN VERSUS VINGADORES: O JULGAMENTO DE MAGNETO
Por Roger Stern e Tom DeFalco (texto) e Marc Silvestri (arte) em X-Men Vs. Avengers 01-04, de 1987.
Em 1986, a Marvel Comics comemorou 25 anos de sua fase “moderna”, ou seja, da criação do Universo Marvel que todos conhecemos. Para celebrar, a editora passou um ano publicando minisséries e edições especiais de seus personagens, a maioria delas reunindo personagens que, normalmente, não tinham interação nenhuma. Apesar de serem os principais grupos de heróis da Marvel, X-Men e Vingadores interagiram pouco ao longo da história, daí que esse encontro foi bastante explosivo na época. E apesar da história ser meio esquecida nos dias de hoje, é um grande conto saído das mãos de Roger Stern, escritor que fez sucesso com Homem-Aranha e Vingadores; mas foi durante algum tempo o editor das revistas dos X-Men, ainda no fim dos anos 1970. Por algum motivo – provavelmente problemas de bastidores editoriais – Stern não assina o último capítulo da mini, que cabe a Tom DeFalco, que na época assumia o posto de Editor-Chefe da Marvel.
O melhor de X-Men Versus Vingadores é que Stern encontrou um motivo justo e verossímil para colocar as duas equipes em choque: o vilãoMagneto. Aqui cabe um parêntese: na época, na revista dos X-Men (escrita então por Chris Claremont) mostrava Magneto se arrependendo de seus crimes do passado e tentando se aproximar de seu velho amigo Charles Xavier. Em Uncanny X-Men 200, de 1986, Magneto aceita ser julgado de seus crimes por uma Corte Internacional, mas o julgamento é interrompido pelo ataque de dois vilões e não se concluí. Esse é o gancho para a minissérie: um novo julgamento.
Por causa de sua nova condição, agora Magneto anda com os X-Men, com todos tentando deixar as mágoas do passado de lado e lutarem por um bem comum. Há um clima de camaradagem na equipe. Mas o mesmo não pode ser dito dos Vingadores, que só conheceram Magneto como o terrível vilão que foi no passado. Os Vingadores decidem ir atrás dos X-Men para Magneto se entregar e ser julgado. Os mutantes estão relutantes em aceitar porque pensam que, com o ódio crescente da humanidade contra os mutantes, o julgamento será um jogo de “cartas marcadas”.
Para piorar, entram em cena os Sovietes Supremos, uma equipe de super-heróis da então União Soviética (atual Rússia), que querem trazer Magneto à julgamento a todo custo, pois um dos maiores crimes do vilão foi ter submergido um submarino soviético cheio de soldados. Stern constrói uma trama interessante e desenvolve bem os personagens, trazendo não apenas os heróis questionando as ações, como também os membros da corte. No centro de tudo, o próprio Magneto, que fica na dúvida entre interferir ou não no julgamento.
O conto tensiona as opiniões da corte, dos jurados, do público, dos Vingadores, dos X-Men, dos Sovietes Supremos e até do próprio Magneto, trazendo uma boa reflexão sobre moral,culpa e arrependimento. Mais um texto ágil de Roger Stern. E também a bela arte de Marc Silvestri que, com este trabalho, abriu as portas para uma temporada importante na revista dos mutantes.
Um pequeno clássico esquecido no tempo.
08 – E DE EXTINÇÃO
Por Grant Morrison (texto) e Frank Quitelly (arte) em New X-Men 114-120, de 2000.
Os X-Men foram um dos maiores sucessos editoriais da história nos anos 1990, mas uma década de excessos gerou frutos e os mutantes começaram os anos 2000 com a moral baixíssima. Para sacudir as coisas, o novo Editor-Chefe da Marvel, Joe Quesada, trouxe o aclamado, louco e polêmico escritor escocês Grant Morrison para comandar uma virada nos X-Men. E foi isso o que ele fez!
Morrison é um radical e trouxe uma enxurrada de mudanças: tirou os uniformes coloridos e os trocou por sombrias roupas de couro; carregou a caracterização dos personagens, deixando Ciclope ainda mais “fodão” e Wolverine ainda mais escroto; trouxe uma tonelada de novos personagens (entre heróis e vilões); contou uma nova Saga da Fênix; e fez a Escola do Professor Xavier para Alunos Superdotados ser isso mesmo, uma escola, com alunos, turmas etc., conceito incrivelmente pouquíssimo explorado nos mais de 30 anos dos X-Men até ali.
Apesar de toda a passagem de Morrison ser célebre, destacamos aqui o primeiro arco, E de Extinção, que monta tudo e traz um dos conceitos mais estranhos de Morrison: a vilã Cassandra Nova, que é revelada como uma irmã gêmea de Charles Xavier que foi abortada e jogada no esgoto, mas sobreviveu assim mesmo (!). Brilhante cientista, ela cria uma nova geração de Sentinelas e põe um grande desafio à equipe.
Foi um passo ousado em uma época ousada da Marvel. Infelizmente, vista à distância, a empreitada foi quase isolada em termos de qualidade quanto às revistas dos X-Men nos anos 2000, na qual a outra exceção seria a fase de Joss Whedon (veja mais abaixo).
09 – ASTONISHING X-MEN
Por Joss Whedon (texto) e John Cassaday (arte) em Astonishing X-Men 01-12, de 2004 e 2005.
Hoje, todos conhecem Joss Whedon como o diretor do filmeOs Vingadores. Mas o criador deBuffy – A Caça Vampiros também escreveu histórias em quadrinhos e o seu melhor trabalho neste campo foi com os X-Men. Após a saída de Grant Morrison dos mutantes, era preciso outro nome de peso para levar as coisas adiantes e a Marvel trouxe Whedon para uma nova revista chamada Astonishing X-Men. A ideia era isso mesmo: criar uma história supreendente da equipe. E ele fez.
Embora a saga tenha 40 capítulos, vale destacar os dois primeiros arcos, Surpreendentes (caps 1 a 6) e Perigoso (caps 7 a 12), que mostram os X-Men em um dos seus melhores momentos: ótima caracterização de personagens (sem excessos), diálogos afiados, tramas interessantes, personagens novos… tudo isso emoldurado na arte incrível e realista de John Cassaday. Algo lindo de se ver: Ciclope como o líder nato da equipe; a melancolia filosófica do Fera; a cabeça esquentada de Wolverine; a sagacidade de Kitty Pryde; as contradições de Emma Frost; atensão entre Ciclope e Wolverine, devido às suas diferenças e, claro, ao amor por Jean Grey (morta no final da fase de Morrison).

Um membro dos Ords enfrenta os X-Men na história escrita por Joss Whedon e com a bala arte de John Cassaday.
A trama mostra o surgimento de uma “cura” para o gene mutante e o impacto que isso causa nos X-Men, além da ameaça de um alienígena chamado Ord que clama uma profeciana qual um mutante da Terra irá destruir seu planeta. Em seguida, descobrimos que Colossus – morto em uma história dos anos 1990 – está vivo e de volta, sendo usado como cobaia para a busca da tal cura. Isso permite Whedon trabalhar com uma das melhores formações dos X-Men em todos os tempos: Ciclope, Wolverine, Emma Frost, Fera, Lince Negra e Colossus.
Ah, e não custa lembrar: o plot com a cura mutante foi usado nos cinemas como a subtrama de X-Men – O Confronto Final.
10 – A SAGA DA TERRA SELVAGEM
Por Roy Thomas (texto) e Neal Adams (arte), em X-Men 56 a 63, de 1968 e 1969.
Após criados em 1963, os X-Men simplesmente não conseguiram emplacar nos quadrinhos. Stan Lee e Jack Kirbynão conseguiram se empolgar suficientemente com aquela criação e não produziram uma grande obra com os mutantes. Assim, entregaram o papel a outros escritores e desenhistas. Foram anos patinando em busca de um tom certo. E apenas em 1968 é que uma equipe criativa acertou mesmo o alvo: o escritor Roy Thomas e o desenhista Neal Adams deram aos X-Men a sua melhor fase nos anos 1960.
O roteiro esperto de Thomas, cheio de referências à época, e a arte dinâmica, fotográfica e belíssima de Adams promoveram um desbunde numa fase curta, mas essencial. A trama coloca os X-Men envoltos em novos personagens – como o irmão de Ciclope, Destrutor, e a belaPolaris – juntamente a uma sequência impressionante de novos vilões: o Monólito Vivo, Sauron e os Metamorfos, culminando numa aventura na Terra Selvagem – um bolsão tropical cheio de dinossauros escondido na Antártida (!) – na qual deparam com o bom e velhoMagneto.
Uma sequência eletrizante de aventuras que demorou a se repetir com os mutantes, pelo menos até a chegada no futuro de Chris Claremont.
11 – SURGEM OS SENTINELAS
Por Stan Lee (texto) e Jack Kirby (arte) em X-Men 14 e 15, de 1965.
Stan Lee e Jack Kirby criaram os X-Men e montaram todo o seu universo básico, mas não conseguiam criar realmente grandes histórias para eles. Estavam ocupados fazendo Thor, Quarteto Fantástico e Vingadores para se preocupar em demasia com aqueles adolescentes estranhos vestindo farda. Ainda assim, produziram uma boa aventura no final de sua temporada à frente dos mutantes: o surgimento dos Sentinelas. Após enfrentarem o Fanático e quase serem derrotados, os X-Men tentam tirar um descanso, mas são surpreendidos pela campanha anti-mutante encampada pelo antropólogo Bolivar Trask, que conceitua que no futuro, os mutantes irão escravizar a humanidade.
Não bastasse o pânico, Trask também apresenta os Sentinelas: robôs programados para identificar e eliminar mutantes. Contudo, os robôs saem do controle e decidem agir por conta própria, obrigando os X-Men a combaterem uma arma criada para destruí-los. É uma boa aventura e foi a última que Lee e Kirby produziram com esses heróis, passando o bastão para outros criadores no número seguinte.
Além disso, a história tem a importância fundamental de ter lançado o conceito dos Sentinelas, que gerou algumas das melhores aventuras da equipe no futuro, como Feliz Natal, X-Men e Dias de Um Futuro Esquecido. Falando nisso, a essência dessa história de Lee e Kirby também é apresentada ao grande público diluída no novo filme dos heróis mutantes, X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido.
12 – GÊNESE MORTAL
Por Jim Lee (argumento e arte) e Chris Claremont (texto), em X-Men 01 a 03, de 1991.
Exatamente no início dos anos 1990, os X-Men se tornam o maior sucesso da Marvel, graças à combinação explosiva dos textos de Chris Claremont e dos desenhos arrojados de Jim Lee, que se tornava um dos artistas mais quentes do mercado. A Marvel que não é besta, decidiu criar uma nova revista dos mutantes, paralela à longeva Uncanny X-Men, justamente para dar mais brilho à estrela de Lee. Assim, no verão de 1991, foi lançada X-Men 01, uma nova revista comandada por Jim Lee, na qual cabia a Chris Claremont o papel apenas de “colaborador”.
A Marvel não estava errada: X-Men 01 vendeu 8 milhões de unidades (!) e é até hoje o recordeabsoluto de revista em quadrinhos mais vendida da história (para se ter uma ideia, um sucesso absurdo hoje em dia vende 200 mil cópias). Contudo, a situação não era nada confortável para Claremont, que estava acostumado a comandar os X-Men há 16 anos (desde 1975!). A perda de poder e controle sobre “seus” personagens terminou por ocasionar a saída do escritor – após finalizar X-Men 03, justamente o fim do arco aqui apresentado – e sua substituição por outros, como John Byrne, Scott Lobdell e Fabian Nicieza.
Apesar da turbulência editorial,Gênese Mortal, a última história produzida pela dupla Claremont e Lee é uma grande obra. Poucas vezes o desenho de Lee foi melhor do que nessa obra (ele livrou-se de vários compromissos para ter mais tempo para fazê-la) e o roteiro traz uma trama interessante: o retorno de Magneto ao lado dos vilões, depois de um período relativamente longo do lado dos mocinhos. Mas a história consegue isso sem grandes maniqueísmos.
Na trama, cansado do clima anti-mutante cada vez pior e achando os X-Men muito permissivos em sua atuação, Magneto é seduzido pelo surgimento de um grupo poderoso de mutantes terroristas chamadosAcólitos, que clamam para que o mestre do magnetismo os lidere. Isso tensiona as relações entre os então aliados, mas Magneto termina reunindo-se aos Acólitos e reconstruindo o Asteroide M, uma base espacial que usara no passado, pensando em destiná-la como abrigo para qualquer mutante que queira deixar a vida de perseguições na Terra.
Ao mesmo tempo, o líder dos Acólitos manipula os bastidores para tornar Magneto um ídolo (matando-o) e tomar-lhe o poder; enquanto as tensões levam a brigas e o rancor emerge descontrolado: numa briga Wolverine quase mata Magneto com suas garras, criando umaruptura definitiva entre os dois.
Gênese Mortal também apresentou a divisão dos X-Men em duas equipes táticas, divididas a partir das revistas: a equipe azul (de X-Men), com Ciclope, Wolverine, Gambit, Fera, Vampira, Psylocke e Jubileu; e a equipe dourada (de Uncanny X-Men), com Tempestade, Jean Grey, Colossus, Homem de Gelo e Arcanjo.
Apesar do sucesso inominável, em médio prazo a Marvel perdeu. Claremont saiu da editora (e nunca mais produziu um trabalho relevante, diga-se de passagem; nem mesmo quando retornou aos X-Men nove anos depois) e Jim Lee não permaneceu muito tempo à frente dos X-Men, já que insatisfeito com as políticas trabalhistas e de direitos autorais com a empresa, terminou pedindo demissão e (juntamente com outros grandes desenhistas, como Todd McFarlane, Rob Liefeld e Erik Larsen) fundou a Image Comics, que se tornou uma das maiores editoras de quadrinhos daquela década.
13 – INFERNO
Por Chris Claremont (texto) e Marc Silvestri (arte) em Uncanny X-Men 240 a 242, em 1988.

Capa de “Uncanny X-Men 242″ com o primeiro encontro entre os X-Men e o X-Factor, na arte sombria de Marc Silvestri.
Logo no início da era dos crossovers da Marvel, no fim dos anos 1980, os X-Men passaram a ter suas histórias guiadas por grandes sagas interconectadas a várias revistas. Inferno foi uma dessas tramas, que se pautavam mais porgrandes acontecimentosdo que realmente por grandes histórias. O grande trunfo da saga foi oprimeiro encontro entre a equipe oficial dos X-Men (Tempestade, Wolverine, Colossus, Vampira, Psylocke, Destrutor, Cristal, Longshot) e os dissidentes do X-Factor(efetivamente, os membros originais da equipe: Ciclope, Jean Grey, Fera, Arcanjo e Homem de Gelo).
A trama é confusa e fantasiosa: Madelyne Pryor(a ex-esposa de Ciclope e, na época, já revelada como um clone de Jean Grey produzida pelo vilãoSr. Sinistro) faz um pacto com um demôniointradimensional e se torna a Rainha dos Duendes. Com isso, em troca, facilita a invasão de uma horda de demônios a Nova York em busca de crianças para serem sacrificadas e aumentarem seus poderes. O trunfo maior seria sacrificar o seu próprio filho, Nathan Christopher. Enquanto os X-Men tem Madelyne como aliada e não sabem de seus planos malignos, o X-Factor sabe de tudo e tenta impedi-la. Claro que o pano de fundo para um conflito eminente entre as duas equipes está montado.
Os mutantes estão cheios de ressentimentos: os X-Men pensam que os X-Factor são traidores da raça mutante (por causa da difamação anterior de outro vilão), e não conseguem entender porque, após aressurreição de Jean Grey, Ciclope e os outros se isolaram; os membros originais, por sua vez, não conseguem entender porque seus velhos companheiros se aliaram a Magneto, porque fingiam estar mortos(desde uma saga anterior, A Queda dos Mutantes) e tinham atitudes tão agressivas e sombrias. (Para se ter uma ideia, após reencontrar Jean Grey pela primeira vez após sua “morte”, Wolverine (que sempre foi apaixonado por ela) dá-lhe um beijo à força e, depois, fica tirando sarro disso. Um comportamento totalmente canalha não digo dos heróis que os X-Men eram ou foram.
O melhor mesmo da saga é o confronto entre as equipes e, claro, como é padrão na Marvel, a união final para combater os inimigos comuns: a Rainha dos Duendes e o Sr. Sinistro. O resto da saga não tem tanta graça. Mas Claremont e Silvestri conseguiram captar as diferenças entre as equipes e retratá-las diferentemente, dando motivos críveis para o conflito.
14 -VINGADORES VERSUS X-MEN
Por Brian Michael Bendis (texto) e John Romita Jr. (arte), em AvX 01 a 12, de 2012 e 2013.
Às vezes, reciclar ideias do passadodá certo. E é isso o que a Marvel vem fazendo nos últimos anos à profusão. Pegar temas ou tramas do passado e lhes dar uma nova cara no século XXI. O escritor Brian Michael Bendis, por exemplo, é o “mestre” dessa tática, que o levou a ter oito anos consecutivos de sucesso de vendas nas revistas dos Vingadores, transformando-os na maior franquia da editora. Estabelecida esta, a Marvel decidiu levar Bendias pararesgatar do buraco a franquia dos X-Men que, desde o início do novo século, penam para manter o velho status e, cada vez mais, têm histórias ruins e desinteressantes, além da inevitável queda nas vendas. A transição de Bendis para os X-Men se deu nessa grande saga, que ocupou boa parte dos anos de 2012 e 2013 para se desenrolar e bebe na fonte de outras sagas do passado, inclusive em outra desta lista.
A trama geral é boa: Os Vingadoresdescobrem que a Força Fênix – aquela que dominou Jean Grey no passado – está voltando à Terra e se preparam com toda a força para impedi-la. Contudo, no lado dos X-Men, Ciclope enxerga esta vinda como uma “oportunidade”, já que poderia usar Esperança Summers como hospedeira, controlá-la e transformar totalmente a vida mutante na Terra.
Para entender mais a trama, é preciso estar por dentro das grandes transformações pelas quais passaram os X-Men nos anos 2000: a ação explosiva dos poderes descontrolados daFeiticeira Escarlate (em Dinastia M) eliminaram o fator X do DNA humano, de modo que a população de mutantes no planeta se reduziu de bilhões para poucos milhares; com isso a raça mutante ficou mais vulnerável e o líder Ciclopecomeça a ter uma postura mais dura em suas ações; na sagaO Segundo Advento nasce uma menina ruiva chamadaEsperança (Hope, no original), a primeira mutante depois daqueles eventos, o que a transformou em um tipo demessias; depois de muitas idas e vindas, os X-Men conseguem abrigar Esperança – agora uma adolescente, porque passou alguns anos no futuro com Cable – e ela passa a ser uma protegida pessoal de Ciclope; na saga Cisma asações radicais de Ciclope causam um racha nos X-Men, com Wolverine criando uma facção dissidente menos militarizada e passando a existir, então, dois lados da causa mutante edois grupos distintos (e rivais) de X-Men. (Saiba mais da cronologia dos X-Men clicando aqui).
Chegamos então em AvX. Enquanto membros dos Vingadores (que incluem Wolverinetambém) saem em batalhas monumentais contra outros dos X-Men (a Marvel chegou a criar minisséries paralelas só para mostrar essas batalhas em detalhes, com mais porrada do que esta trama principal), vemos a Força Fênix avançar e terminar por dominar Ciclope e seu grupo. Como resultado, são todos transformados em poderosos vilões que precisam de esforços monumentais dos Vingadores para detê-los. Uma das principais consequências é que o professor Charles Xavier é morto por Ciclope dominado pela Fênix.
No fim, os Vingadores vencem, a Força Fênix é banida e – apesar de não ter sido o responsável por seus atos – Ciclope é preso como um criminoso e terrorista, abrindo o caminho para toda uma nova fase na vida dos X-Men dentro da iniciativa Marvel Now.
Enquanto obra, AvX é uma boa história, repleta de discursos e longos diálogos – como é o estilo de Bendis – e a arte magnífica de John Romita Jr., um veterano dos X-Men. Grandes painéis e batalhas também engrandecem o título, mesmo que não se compare aos velhos clássicos mutantes.
15 – A ERA DE APOCALIPSE
Por Scott Lobdell, Fabian Nicieza, Mark Waid, Larry Hama, Howard Mackie, Warren Ellis e outros (textos); Roger Cruz, Steve Epting, Joe Madureira, Andy Kubert, Adam Kubert, Joe Bennett e outros (arte), em mais de uma dezena de revistas e minisséries ao longo dos anos de 1995 e 1996, dentre as quais, X-Men: Alpha, Astonishing X-Men, Generation Next, X-Man, X-Calibre, Amazing X-Men e outras.
Os anos 1990 foram marcados por uma longa sequência de “megaeventos“: histórias “bombásticas” que se desenvolviam ao longo de literalmente dezenas de revistas e meses, obrigando (e irritando) os leitores a ler muito mais do que queriam para um resultado raramente satisfatório. No fim, se percebia que algumas histórias poderiam até ser boas se fossem mais concisas, mas terminavam estragadas por seremesticadas para a Marvel lucrar mais. Dentre os arcos dessa fase o mais famoso de todos é A Era de Apocalipse.
Em termos restritos, é a fama quem segura a saga, mais do que sua qualidade implícita. É um bom conceito, mas sofre pelo excesso de diluição em revistas com times criadores diferentes. Contudo, a saga encerra esta lista das melhores histórias dos X-Men por sua fama e importância. Foi um grande marco nos meados dos anos 1990 e um sucesso lembrado por leitores até hoje. Também seu lançamento coincidiu com o auge do sucesso dos mutantes na TV, com seu famoso desenho animado, de modo que foi a história “no momento certo”. E não custa lembrar: vai influenciar (provavelmente, bem de leve) o próximo filme da franquia mutante na 20th Century Fox, X-Men – Apocalipse, previsto para chegar aos cinemas em 2016.
A trama geral é interessante: Legião, o poderoso e louco filho de Charles Xavier, viaja ao passado para matar Magneto, pensando em mudar para melhor a realidade mutante; contudo, o plano dá errado e quem termina morrendo, no passado, é o próprio Xavier. Com isso, não há a fundação dos X-Men. Sem os X-Men, não há ninguém para impedir a ascensão do vilãoApocalipse (que o grupo já tinha enfrentado algumas vezes), dando início ao que se chama deEra de Apocalipse, quando o vilão domina o mundo inteiro.
O que mais cativou os fãs foram as novas versões dos personagens que compõem esta realidade alterada, já que sem a existência de Xavier, todos tomam rumos muito diferentes:Magneto lidera um grupo de mutantes contra Apocalipse, naquilo que é o mais próximo dos X-Men dessa realidade; Wolverine e Jean Grey formam um casal infernal de terroristas “do bem”; e alguns dos mutantes mais famosos se transformam em vilões, como Ciclope (que é um dos braços direitos de Apocalipse, embora no fim da saga se vire para o lado dos “mocinhos”) e o Fera (Negro) é um cientista absolutamente maligno e amoral. Também ocorreu o contrário: o vilão Dentes de Sabre, por exemplo, é um herói nessa realidade. E há um personagem novo importante: Nate Grey, criado em laboratório a partir da combinação do DNA de Ciclope com o de Jean Grey, nascendo o mutante mais poderoso do mundo.
No fim das contas, os X-Men encontram uma maneira de reinstalar a “nossa” realidadetradicional, mas o sucesso dessa saga foi tão grande que vários personagens do “lado de lá” também migraram para as revistas dos X-Men depois, como o vilão Fera Negro e Nate Grey, oX-Man, que até ganhou uma revista solo. A Marvel também continuou publicando histórias baseadas na realidade de A Era de Apocalipse nos anos seguintes.
***
Além dessa lista restritas das 15 melhores histórias dos X-Men, podemos adicionar alguns bônus merecedores de destaques pontuais. Vamos a eles…
Bônus:
ATRAÇÃO FATAL
Por Scott Lobdell, Fabian Nicieza e Larry Hama(texto) e Andy Kubert e Adam Kubert (arte). Originalmente publicada em Uncanny X-Men 304, X-Men (vol 2) 25 e Wolverine 75, de 1993.
Em termos de história em si, Atração Fatal não é nenhuma obra-prima da 9ª arte. Contudo, talvez por ter sido produzido ainda na aurora dos grandes crossovers da Marvel, no início dos anos 1990, ainda traz algumas coisas interessantes. O motivo desta história estar aqui é mais quanto ao impacto cronológico que teve. Magneto, ex-arquiinimigo e ex-aliado dos X-Men, volta à tona com fúria total (após os eventos de Gênese Mortal), ressentido do tratamento que teve por seus ex-colegas mutantes. Realizando um grande ataque ao planeta Terra por meio de um pulso eletromagnético, o vilão é confrontado violentamente por seu ex-amigo Charles Xavier, que não vê outra escolha senão simplesmente destruir a mente de Magneto. Antes disso, porém, Magneto quer se vingar de Wolverine por quase tê-lo matá-lo na ocasião anterior em que lutaram (em X-Men 02, de 1991) e, por isso, simplesmente arranca todo o adamantium dos ossos do herói. O processo quase mata Wolverine, que precisa aprender a viver sem o metal que o tornava praticamente indestrutível. Contudo, Logan termina descobrindo que suasgarras permanecem, agora, feitas de osso, desfazendo a crença generalizada de que havia sido o Projeto Arma X quem havia implantado as garras nele. Não, as garras sempre estiveram lá.
Não é uma grande história, mas pelo menos traz algo de novo e algo ligeiramente ousado. Também vale pela arte dos irmãos Kubert, aqui no auge de sua popularidade.
O POVO DO AMANHÃ
Por Mark Millar (texto), Andy e Adam Kubert (arte), emThe Ultimate X-Men 01 a 06, de 2000 e 2001.
No início do século XXI, sob o comando do Editor-Chefe Joe Quesada, a Marvel decidiu arriscar criando um novo universo ficcional para seus personagens, com versões mais “modernas” e “maduras” dos heróis mais famosos, oUniverso Ultimate. Homem-Aranha foi o primeiro. E os X-Men vieram em seguida. Aos mutantes, coube a liderança do escritor Mark Millar, que ficaria bastante famoso com as histórias dos Vingadores Ultimates. Com sua abordagem radical e ousada, Millar cativou os leitores e a crítica, mostrando uma equipe jovem de X-Men (com Ciclope, Jean Grey e Tempestade) entrando em guerra com aIrmandade de Mutantes de Magneto. Todos os personagens ganham versões radicais, principalmente, Wolverine, mais durão, mortal e dúbio do que nunca.
Apesar de ter começado em alta, os X-Men Ultimateterminou não emplacando de verdade, embora ainda tivessem algumas boas histórias isoladas. Tendo em vista a abordagem, merecem um lugar neste bônus.
Bônus Wolverine
Logan se tornou o x-man mais popular dentre todos. Por isso, seu nome, hoje, é sinônimo de X-Men. O HQRock já tem uma lista das melhores aventuras de Wolverine (leia aqui), mas destacamos uma delas para integrar esta lista.
CÓDIGO DE HONRA
Por Chris Claremont (texto) e Frank Miller (arte). Originalmente publicada emWolverine (minissérie) 01 a 04, de 1982.

Também chamada de “A Saga do Japão” ou “Dívida de Honra”, “Eu, Wolverine” é a melhor das histórias da personagem.
Melhor das histórias de Wolverine, esta trama também conhecida como A Saga do Japão ou simplesmente Eu, Wolverine, é um deleite ao leitor. A trama bem bolada de Claremont e a arte cinematográfica de ângulos inovadores de Miller transformam a aventura em adrenalina pura. Unindo os esforços de Claremont (que produziu as histórias dos X-Men por 16 anos!) e Miller (um escritor/desenhista que estourou na revista do Demolidor um pouco tempo antes e, logo, seria o responsável por grandes clássicos das HQs, comoDemolidor: A Saga de Elektra, Demolidor: A Queda de Murdock, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um), cada um fazendo o seu melhor.
Na minissérie também conhecida como Dívida de Honra, Logan vai ao Japão em busca de se casar com Mariko Yashida, uma jovem japonesa que conhecera em uma aventura anterior com os X-Men. Mas lá descobre que o pai dela, Lorde Shingen, é o maior chefe do crime japonês e líder do Tentáculo (uma seita de ninjas que Miller criara nas histórias do Demolidor). Assim, Logan precisa se mostrar digno do coração de Mariko, mas ao mesmo tempo confrontar o terrível submundo do crime comandado por seu possível sogro.
Um grande clássico dos quadrinhos e a melhor história de Wolverine em todos os tempos.
Bônus X-Factor
De todas as (literalmente) incontáveis equipes derivadas dos X-Men, apenas uma realmente atingiu um status ligeiramente similar à equipe original: o X-Factor. O primeiro X-Factor, aquele formado pelos membros originais dos X-Men: Ciclope, Garota Marvel, Homem de Gelo, Fera e Anjo. Essa fase, que durou entre 1986 e 1991, rendeu histórias maravilhosas, que poderiam mesmo compor as Melhores Histórias dos X-Men apesar de, oficialmente, não serem àquela equipe, mas outra, derivada.
Enfim, segue-se uma mini lista de histórias sensacionais dos X-Factor originais:
FANTASMAS
Por Louise Simonson (texto) e Walt Simonson(arte) em X-Factor 13 e 14, de 1987.
Antes um preâmbulo: A criação do X-Factor tem ares de golpe publicitário, com a Marvel criando uma pequena história que explica como Jean Grey pode estar viva no fundo da Baía da Jamaica, em Nova York, num casulo de contenção. A trama mostra – por meio dosVingadores (com Roger Stern) e o Quarteto Fantástico (John Byrne) que a Fênix, na verdade, não era Jean Grey, mas uma entidade autônoma que se apossou das memórias e da forma da mutante para se fazer viva. Assim, quem morreu na Lua foi a Fênix, enquanto a Jean Grey verdadeira estava presa em um casulo curando-a de seus ferimentos. Com Jean Grey viva, os X-Men originais se reúnem. Contudo, as primeiras histórias do X-Factor – escritas por Bob Layton (histórico roteirista do Homem de Ferro) e desenhada por Jackson Guice (mais famoso por seu trabalho no Superman da DC) – careciam de personalidade e a revista sem função. Isso mudou com a chegada da escritora Louise Simonson, ex-editora das revistas mutantes.
Chegamos então a este pequeno arco que é uma verdadeira joia escondida. Em consequência ao Massacre de Mutantes (leia acima), o X-Factor está destroçado, com Fera e Anjo bastante feridos. O grupo também está quebrado por dentro: Jean Grey e Ciclope foram namorados no passado, mas agora ele está casado com Madelyne Pryor e tem um filho bebê, Nathan Christopher Summers. E para piorar, o Anjo está apaixonado por Jean. Arrasado com tudo o que está acontecendo a sua volta, Scott Summers, o Ciclope, decide se afastar um pouco do grupo e voltar ao Alasca para reencontrar sua esposa e filho. Contudo, o ex-líder dos X-Men está em meio a um surto de estresse pós-traumático, sofrendo de alucinações que lhe obrigam a repensar suas atitudes recentes e seu próprio caráter.
E para piorar tudo, o velho Molde Mestre, o robô matriz dos Sentinelas usado por Stephen Lang no passado (veja Feliz Natal, X-Men, acima) caí na Terra e sai em seu encalço. Sozinho, Ciclope precisa lidar com seus fantasmas, fugir da polícia e ainda confrontar o poderosíssimo Molde Mestre.
E uma curiosidade: nesta história é citada pela primeira vez o “grupo dos 12“, implicitamente a reunião de poderosos mutantes, um elemento que seria bastante explorado no futuro.
Um conto marcante produzido pelo casal Simonson, com a arte ágil e exuberante de Walt e o texto preciso de Louise mergulhando na psiquê do líder dos X-Men. Uma daquelas histórias que não é bombástica (e por isso não tão famosa), mas uma grata surpresa ao leitor. Um pequeno clássico dos anos 1980, escondido em meio às grandes sagas.
OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE
Por Louise Simonson (texto) e Walt Simonson(arte) em X-Factor 17 a 26, de 1987 e 1988.
Interligado ao evento maior chamado de A Queda dos Mutantes, esta é a maior de todas as aventuras do X-Factor original. Em consequência dos ferimentos do Massacre de Mutantes, o Anjo tem suas asas amputadas e, aparentemente, comete o suicídio. Mas logo fica claro que ele é resgatado pelo vilãoApocalipse, que o transforma em Morte, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, junto aFome, Guerra e Pestilência. Os membros restantes do X-Factor (Ciclope, Jean Grey, Fera e Homem de Gelo) precisam não somente confrontar um novo vilão terrível, como também lidar com o fato de seu ex-membro Anjo ser agora um mortífero vilão com asas metálicas que lançam lâminas cortantes e paralisantes.
É uma grande história que mostra ainda outros focos de traição: Cameron Hodge, o homem por trás do X-Factor como instituição (que secretamente ajudava mutantes a usar seus poderes) mostra-se um perigoso criminoso líder da organização conhecida como Direita, determinada a exterminar os mutantes.
Uma outra história surpreendente do casal Simonson.
FIM DE JOGO/ SACRIFÍCIO AMARGO
Por Jim Lee e Chris Claremont (texto) e Whilce Portatio (desenhos) em X-Factor 65 a 68, 1991.
A guerra do X-Factor com o vilão Apocalipseencontra seu capítulo final nesta grande aventura, que criou um dos episódios mais dramáticos da vida de Ciclope. Enquanto enfrentam as forças do vilão, o filho daquele, o bebê Nathan Summers, é infectado por um vírus tecnorgânico (que transforma tecidos vivos em circuitos e metais e leva à morte do usuário). A luta é interrompida pela chegada de Askani, uma entidade vinda do futuroque diz poder salvar a vida do bebê em seu tempo, mas não tem como trazê-lo de volta. Assim, Scott Summers tem que confrontar o duro desafio dedeixar seu filho morrer ou entregá-lo a um desconhecido com uma mínima possibilidade de salvá-lo.
Este drama marca o último capítulo do X-Factor original, cujos os membros em seguida seriamreabsorvidos pelos X-Men (o que ocorre em Gênese Mortal, leia acima) e o X-Factor se tornaria umanova equipe, com nova finalidade. A história também permite as bases explicativas que possibilitaram ser contatadas as origens do herói Cable.
Bônus Ocasionais:
Em um universo tão vasto de personagens (o universo mutante chega a “concorrer” com o próprio universo Marvel em termos de personagens e complexidade) várias e várias edições ou séries extras surgem de tempos em tempos e algumas merecem destaque. Vejamos algumas a seguir!
CABLE: SANGUE E METAL
Por Fabian Nicieza (texto) e John Romita Jr. (arte) em Cable: Blood and Metal 01 e 02, de 1992.
Surgido nas aventuras dos Novos Mutantes, o misterioso (e polêmico) Cable se tornou rapidamente um dos personagens mais queridos dos fãs dos X-Men nos anos 1990. Logo, com sua liderança, aquele time de mutantes adolescentes se tornou a X-Force e seu líder também ganhou aventuras solo. Esta minissérie em duas edições foi a primeira iniciativa do tipo, mostrando um pouco do passado do personagem que veio do futuro. A trama de Sangue e Metal mostra eventos do passado não tão distante, quando Cable chega ao nosso presente e se alia a um grupo paramilitar para impedir uma série de ameaças.
A trama corre à margem das revistas e do universo dos X-Men, embora apresente uma série de personagens que já haviam aparecido na revista da X-Force, agora, explicando quem eles eram. Mas talvez por isso mesmo, é uma trama interessante que funciona de modo independente do confuso universo mutante. Também sempre é válida a arte magnífica de John Romita Jr., aqui bastante livre por lidar com personagens fora do “primeiro escalão”, o que rende ótimos momentos.
A maior parte do mistério permanece e somente alguns anos mais tarde, em outra saga, é que seria revelado que Cable era na verdade Nathan Summers (isso mesmo, o filho de Ciclope enviado ao futuro), agora adulto.
AS AVENTURAS DE CICLOPE E FÊNIX
Por Scott Lobdell (texto) e Gene Ha (arte), em The Adventures of Cyclops and Phoenix 01 a 05, de 1994.
Um vez que a saga A Canção do Carrasco revelou (finalmente) que Cable era o bebê Natham Summers crescido, a Marvel produziu esta minissérie para preencher alguns “buracos” de suacronologia a acrescentar um elemento improvável.
Na trama, logo após terem se casado, Scott Summers e Jean Grey são lançados ao futuro e terminam, surpreendentemente, tornando-se responsáveis pela criação do jovem Nathan Summers, o próprio filho de Ciclope. Assumindo os codinomes de Magrão e Ruiva (seus apelidos de adolescência), o casal passa 13 anos (!) no futuro criando o futuro Cable até a adolescência e tendo que confrontar também a versão futura de Apocalipse.
Apesar do nó na cabeça de ser uma trama de viagens no tempo, As Aventuras… tem algunsbons momentos e uma arte arrebatadora. A minissérie ganhou até uma sequência no ano seguinte.
***
Claro, uma listas dessas poderia continuar a se estender – mesmo nos bônus – mas vamos ficar por aqui. Mesmo não se pretendendo definitiva, a lista do HQRock contempla algumas das mais famosas sagas do grupo mutante e dá ao leitor um guia interessantíssimo de histórias a procurar. E fique ligado: a editora Panini Comics, que edita no Brasil o material original da Marvel, vem nos últimos tempos publicando sistematicamente algumas dessas grandes histórias. Procure nas livrarias as novas edições nacionais de Massacre de Mutantes, A Queda dos Mutantes, Gênese Mortal, A Era de Apocalipse e até Atração Fatal.
Boa caçada e boa leitura!
Os X-Men foram criados em 1963 por Stan Lee e Jack Kirby, mas só foram bem-sucedidos comercialmente nos anos 1970, a partir da reformulação idealizada pelo escritor Len Wein e tocada à frente por Chris Claremont, Dave Cockrum e John Byrne. Daí em diante, se tornaram uma das revistas de maior sucesso da Marvel Comics.
Classificar isto:
6 Votes
Na categoria Desenhistas, Dossiês de Personagens, Escritores, Jack Kirby, Marvel Comics, Os Melhores,Revistas, Stan Lee, Wolverine, X-Men
Jack Kirby: Familiares do artista encerram processo contra a Marvel Comics
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
A família do lendário artista Jack Kirby, o “rei dos quadrinhos” e cocriador do Universo Marvel ao lado de Stan Lee, encerrou o processo judicial que moviam há décadas contra a editora Marvel Comics. A família Kirby reivindicava direitos autorais de inúmeros personagens, como Hulk, Thor, Quarteto Fantástico e os X-Men. Segundo um comunicado oficial assinado pelos familiares e a Marvel, as duas partes assinaram um acordo amigável fora do tribunal, terminando a disputa.
Os termos do acordo, obviamente, não foram revelados.
Desde a morte de Jack Kirby, em 1994, a família vem movendo uma série de processos contra a editora. O atual processo foi aberto em 2009, após algumas mudanças na lei de “trabalho de aluguel” nos EUA, mas a Corte da Segunda Apelação deu ganho à Marvel no ano passado (leia mais aqui). A família Kirby foi representada pelo famoso (e polêmico) advogado Marc Toberoff, o mesmo que defendeu a família de Jerry Siegel, o criador do Superman, numa batalha contra a DC Comics, na qual a empresa saiu vencedora – embora os herdeiros tenham ganho uma indenização em dinheiro e alguns direitos sobre a origem do personagem. No Caso Kirby, a Corte Suprema tinha dado ganhos à Marvel, mas as apelações prosseguiram até o atual acordo.
Jack Kirby – leia aqui um post doHQRock sobre a trajetória do artista – foi um dos maiores desenhistas de super-heróis da história, tendo criado oCapitão América (ao lado de Joe Simon) para a Marvel em 1941, antes de sair para a DC Comics e fazer sucesso com histórias de guerra e faroeste. De volta à Marvel no fim dos anos 1950, Kirby fez parceria com Stan Lee e a dupla criou o núcleo central do Universo Marvel: Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Homem de Ferro, os Vingadores, X-Mene seus respectivos universos.
Além dos personagens principais, Kirby criou coadjuvantes que depois se tornaram personagens importantes, como Surfista Prateado, Pantera Negra, Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Nick Fury, a SHIELD e muitos outros; além de vilões emblemáticos, comoMagneto, Dr. Destino e Loki.
Kirby saiu da Marvel em 1970, após 102 edições do Quarteto Fantástico; 96 de Thor; e dezenas de outras em personagens variados; além de literalmente centenas de capas. Ele voltou à DC por alguns anos, até retornar outra vez a Marvel em 1975, onde trabalhou novamente com Capitão América, Pantera Negra e alguns outros personagens.
Ao longo da vida, o artista guardou rancor da Marvel (e de Stan Lee) por não ter recebido mérito suficiente por suas criações. Ele morreu em 1994, aos76 anos. Desde então, sua família vem brigando na justiça pela propriedade das criações do artista, que foi o grande criador visual da Marvel em seus primeiros anos.
Classificar isto:
Rate This
Marvel Studios: Nova franquia deverá ser Os Inumanos
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
O sucesso de bilheteria deGuardiões da Galáxia, adaptação da equipe de super-heróis cósmicos da Marvel Comics, realizado pelo braço cinematográfico da empresa, o Marvel Studios, mostrou que a Marvel está certa: dá sim para arriscar compersonagens obscuros e transformá-los em franquias de cinema rentáveis. O estúdio já tinha feito isso com o próprio Homem de Ferro, filme que deu o startdo Universo Marvel nos Cinemas e foi um grande sucesso. A Marvel continuará nessa linha: ano que vem, ao lado de Os Vingadores 2 – A Era de Ultron, sairá o obscuro Homem-Formiga; em 2016, além de Capitão América 3, sairá Dr. Estranho; assim por diante.
A Marvel já anunciou um punhado de filmes até 2019 (veja aqui) e o presidente do estúdio,Kevin Feige, afirmou que o desejo deles é alternar franquias velhas e novas ano a ano. Com isso, é cada vez mais certa que uma das franquias que devem ser lançadas nos próximos anos é Os Inumanos, os personagens criados por Stan Lee e Jack Kirby em 1965, nas aventuras doQuarteto Fantástico.
Nas HQs, os Inumanos eram homo sapiens primitivos que – no passado remoto da Terra – sofreram experimentos genéticos pelos alienígenas Kree. O objetivo era que a nova raça “cuidasse” da Terra até os Kree retornarem para colonizá-la. As modificações genéticas, tecnológicas e místicas dos aliens terminou transformando os Inumanos em uma raça de seres superpoderosos, cada qual com uma característica única. No presente do universo Marvel, o rei dos Inumanos é Raio Negro, que não pode falar, já que cada sílaba por ele pronunciada tem o poder devastador de arrasar quarteirões inteiros. Sua esposa é Medusa, cujos os cabelos ruivos parecem ter vida própria e são usados como tentáculos.
Embora tenham se socializado bastante com o Quarteto Fantástico ao longo de suas aventuras nos anos 1960 e 1970, e até tenham ganho aventuras solo nas mãos de Jack Kirby, os Inumanos permaneceram como personagens obscuros, conhecidos apenas pelos leitores de quadrinhos mais atentos. O grupo também tem ligações relativamente estreitas com os Vingadores: uma deles, Crystallis (que é capaz de controlar os elementos da natureza) já foi membro dos Vingadores e foi casada com o também vingador Mercúrio.
Assim, a Marvel tem muito o que explorar em relação aos Inumanos e os seus heróis já estabelecidos nos cinemas. (O Quarteto Fantástico não entra na equação, porque seus direitos de adaptação ao cinema pertencem à 20th Century Fox).
Usar os Inumanos seria também a forma que o Marvel Studios teria para explorar uma raça superpoderosa vivendo na Terra e as difíceis implicações sociais que isso traz, à moda dos X-Men (que também não podem ser usados, porque pertencem à Fox).
E a pré-produção já começou: a Marvel contratou o roteirista Joe Robert Cole, que já entregou um roteiro que servirá de base para atrair diretores que se interesse pelo produto e queiram desenvolver o filme, repetindo a mesma estratégia usada em Guardiões da Galáxia.
Além disso, já há um forte candidato a estrelar o filme: Vin Diesel – que está em Guardiões da Galáxia dublando o personagem Groot, que fala apenas variações da frase “eu sou Groot” no filme inteiro – disse no Twitter uma frase enigmática dizendo que há uma ligação entre ele e a Marvel e que o estúdio “pensa” que ele é um Inumano.
Com o tempo concorrendo – para estrear em 2017 é preciso entrar em produção no ano que vem – não devem demorar a sair mais notícias.
Classificar isto:
4 Votes
Etiquetas: Inumanos, Quarteto Fantástico
Marvel Studios fará 10 filmes até 2019 e surgem novidades sobre Homem de Ferro 4, novas franquias, Pantera Negra, Hulk e mais
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Prestes a começar a Comic-Con de San Diego,o maior evento promocional e celebrativo sobre cultura pop do planeta, muitos rumores e notícias chegam sobre o Marvel Studios e seus planos para os próximos anos. No evento deste fim de semana devem sair muitas novidades – e o HQRock irá trazê-las – mas vamos adiantando o que saiu já esta semana.
Em primeiro lugar, um anúncio oficial do Marvel Studios revelou o cronograma de produções do estúdio até 2019 e ele surpreende porque a Marvel irá além do esquema de dois filmes/ano que usou até hoje, aumentando-o para três produções anuais pelo menos no ano de 2017. Com o novo cronograma, os super-heróis da Marvel terão nada menos do que 10 filmes novos lançados até a data anunciada. Desses apenas três estão realmente confirmados: Os Vingadores 2 – A Era de Ultron e Homem-Formiga (em 2015) eCapitão América 3 (2016). O restante é especulação, embora aja fortes candidatos para preencher algumas das datas.
Vamos às datas em si e os filmes respectivos (certos e rumorizados):
- Os Vingadores 2 – A Era de Ultron, 01 de maio de 2015;
- Homem-Formiga, 17 de julho de 2015;
- Capitão América 3, 06 de maio de 2016;
- [Não-revelado] – possivelmente Dr. Estranho, 08 de julho de 2016;
- [Não-revelado] – 05 de maio de 2017;
- [Não-revelado] – 28 de julho de 2017;
- [Não-revelado] – 03 de novembro de 2017;
- [Não-revelado] – 06 de julho de 2018;
- [Não-revelado] – 02 de novembro de 2018;
- [Não-revelado] – 03 de maio de 2019.
A lista fala por si: a Marvel tem um plano, que envolve, inclusive, a “aceleradinha” de 2017. Para completar a lista basta vermos o que disse o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, em entrevista ao site IGN também esta semana.
Feige disse:
Guardiões da Galáxia ampliou o nosso desejo de fazer coisas diferentes. Para iniciar a produção, a cada ano, de uma sequência de algo pré-existente, uma franquia de sucesso, e de algo novo. Faremos isso ano que vem com A Era de Ultron e Homem-Formiga, e esperamos fazer continuar com isso nos anos seguintes.
Claro que o plano da Marvel depende das bilheterias e da aposta dos financiadores eexecutivos de Hollywood; mas tendo em vista que o estúdio detém algumas das mais poderosas franquias do cinema da atualidade (Vingadores, Homem de Ferro e Capitão América), é bem possível que consigam o intento. Neste caso, dá para preencher o cronograma acima com algumas das ideias que vêm correndo há algum tempo.
Poderíamos apostar, por exemplo, que em 2017 veremos filmes de Pantera Negra, Hulk e Thor. Dois velhos conhecidos – um com filmes solo de sucesso (Thor 3), outro que não emplacou sozinho (Hulk 2), mas que se tornou a grande sensação de Os Vingadores e deve repetir a dose em A Era de Ultron. Thor deve manter a tradição de um lançamento emnovembro, o que vem dando certo. O Hulk detém um ator de grife (Mark Ruffalo), que sempre demonstrou muito entusiasmo pelo personagem, algo que o estúdio deve explorar logo. E ao contrário do que querem alguns fãs, esse filme do gigante esmeralda não será calcado em tramas dos quadrinhos como Planeta Hulk ou Hulk Contra o Mundo, mas na relação entre o monstro e Banner, a fim de explorar a interpretação de Ruffalo. A novidade poderá ser o Pantera Negra, um importante personagem do Lado B da Marvel.
Há anos os fãs pedem um filme do herói e a Marvel quer mesmo fazê-lo, só tendo o devido cuidado ao saber que se trata de um personagem difícil de adaptar: o Pantera Negra é T’Challa, o rei da nação fictícia africana de Wakanda, ganha poderes especiais ao ingerir uma porção de plantas místicas e ganhar força, resistência e velocidade extrashumanas. Também um gênio científico, T’Challa transformou seu país em um dos mais ricos e socialmente justos do mundo, mas atraiu muitos inimigos, porque Wakanda é o único reduto do mundo de Vibranium, um metal especial que absorve energia cinética e é extremamente resistente.
No campo editorial, o Pantera Negra é extremamente importante, por se tratar doprimeiro super-herói negro dos quadrinhos, criado por Stan Lee e Jack Kirby emFantastic Four 52, de 1966. Coadjuvante do Quarteto Fantástico, logo depois, o herói ingressou as fileiras dos Vingadores e chegou a ser líder da equipe.
Elementos da trama do personagem já apareceram nos filmes da Marvel: o escudo do Capitão América é feito de Vibranium. Muitos esperam que as cenas gravadas na África do Sul para A Era de Ultron tragam algum tipo de referência para Wakanda.
A expectativa em torno do Pantera Negra nos cinemas ganhou força hoje, com o ator John Boyega – que estará no novo Star Wars – postando no Twitter que está agendando um vôo para Wakanda. Irá a Marvel confirmá-lo no papel na Comic-Con?
Voltando ao cronograma, em 2018, é possível vermos uma sequência de Guardiões da Galáxia, caso o filme seja um sucesso. Fica uma vaga totalmente em aberto para uma nova franquia. OsInumanos são sérios candidatos, mas a Marvel pode surpreender. Uma personagem feminina como a Miss Marvel seria outra ótima escolha.
Por fim, é quase certo que Os Vingadores 3encerra a lista em maio de 2019. Este filme, quase certamente, irá encerrar todo um grande ciclo do estúdio. Afinal, lá terão ido 11 anos desde o lançamento da Marvel nos cinemas (fazendo seus próprios filmes e não apenas licenciando). Depois de 2019, é provável que as franquias mais exitosas, como Capitão América, Homem de Ferro e Vingadores continuem com seus filmes, mas pelo menos parte significativa do elenco deverá ser trocado. Atores como Robert Downey Jr., Chris Evans e Chris Hemsworth irão passar a tocha para atores mais jovens seguirem em seus personagens, assim como é feito com James Bond e Dr. Who.
Um novo filme do Homem de Ferro, por exemplo, só deve ocorrer depois dessa data e semRobert Downey Jr., que deverá fazê-lo apenas nos próximos dois filmes dos Vingadores. UmHomem de Ferro 4 pré-2019 só deve ocorrer como plano de emergência, para salvar o estúdio de algum possível fracasso de bilheteria e manter os investidores calmos com um sucesso certo.
A Marvel deve fazer anúncios sobre o tema na Comic-Con. Vamos ficar ligados!